sábado, 28 de novembro de 2009

Tô que não posso!!!!!

Às vezes temos projectos.
Surgem-nos projectos.
Não necessariamente ideias novas e originais.
Projectos simples que idealizamos fazer e que muitas vezes não chegam sequer ao papel.
E que ficam muitas vezes por aí. Pela nossa cabeça.
Mas outros não! Outros ganham forma!
Especialmente quando falamos deles a outrém [é sabido que quando falamos e a partir do momento em que partilhamos - as coisas (sejam elas quais forem) - tornam-se mais reais].
Foi o que fiz: partilhei. Escrevi tudo tim tim por tim tim e enviei. E depois mandei mensagem. E a seguir recebi um telefonema. E uma contraproposta. Mas não desmobilizei. Continuei na minha. A minha é melhor que a dele! Estou entusiasmada. Acho que "A COISA" tem "pernas para andar". Tem viabilidade. Tem consistência. Tem razão de ser.
Quero muito realizar "A COISA".
O projecto.
Muito.Muito.
Seria um dos sonhos da minha vida (e não, não estou a exagerar). Pschiuuuu!!!
Não posso contar mais.
Lamento.
Mais tarde.
Talvez.
Se der certo.
Prometo.
Ok?

Fim-de-semana ou fds (foda-se)

Hoje é sábado. Eu sei. Mas vou trabalhar.
Vou "ajudar" a construir o plano de actividades para 2010.
E à noite assistirei a um concerto super, mega.

E amanhã é domingo. Eu sei. Mas vou trabalhar.
Vou "ajudar" a construir um plano de emprego para 2010.
Consultar Diários da República, refazer currículos, elaborar cartas de apresentação.
E à noite...à noite...logo se vê.

Segunda é véspera de feriado. Eu sei. Mas vou trabalhar.
Vou continuar a "ajudar" a construir o tal plano de actividades para 2010.
E à noite pode ser que consiga ir ouvir o Zeca Serrano e o Paulo Ribeiro.

Terça-feira é feriado. Eu sei. Mas...

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

não sei se lhe dê se lhe pregue!

Se......eu...sabes? é que...
aaaahhh...podíamos...bom...ia dizer que...se...
talvez...queres...senti que...pronto...é que...tenho
...aaaahhh...
bem...

Alentejanos cantam e encantam


Baile Popular é o nome do novo disco de Paulo Ribeiro.
Não!
Não é bem assim! (Mas arrisca-se a isso).
Este não é ainda o disco que o cantautor Paulo Ribeiro anda a preparar com letras e músicas da sua autoria.

Baile Popular é antes um disco concebido por João Gil (músicas), escrito por João Monge (letras) e para o qual Paulo Ribeiro foi convidado a dar voz.

Nele participam ainda alguns dos músicos do grupo Adiafa: Zé Emídio, João Paulo e Luís Espinho e a também alentejana Ana Sofia Varela.

Vozes mais lindas não ouvi!

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Beja é notícia a nível nacional

... mas pelas piores razões. Ora veja!

Campistas nómadas expulsos de Beja - Correio da Manhã
PSP de Beja expulsa 25 famílias do parque de campismo - Diário IOL
Desmantelada rede dedicada à exploração sexual de mulheres no distrito de Beja - A Bola
Morreu bebé atropelado em olival de Beringel - Jornal de Notícias
Atropelamento de bebé investigado pelo MP - Diário de Notícias
Acidente em Beja - Correio da Manhã
IP8 estará concluída em 2011, garante PM - TSF online

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Hoje impõe-se. Hoje tem de ser. Hoje é dia de citar Vasco. O GRANDE Vasco.

"O respeitinho é muito bonito, mas não tão bonito como tu minha bacorita de anis"
será que isto abre aquele precedente tipo: se tu és mais bonita que o respeitinho, então posso não te respeitar?

Deixa-me rir ... parte II

Ainda a propósito da + Alentejo não posso deixar de linkar a Moengas que me linkou a mim e que é tão esclarecedora. E já agora também o Escalho. E pronto está quase tudo dito! Quase!

BOM-DIA!

Fui à padaria e pedi "Um croissant com chocolate, se faz favor". Depois esperei um pouco e perguntei "Quanto é?" "Um euro", responde a senhora do lado de lá do balcão que olhou para mim e acrescentou "E leva mais outro que é oferta".
Isto é quase parecido a começar o dia com Mokambo!! Bom-dia!

Eu encarregada de educação, confesso....

Sou encarregada de educação doe um dos meus sobrinhos. O do meio. Confesso que dai não me advéem quaisquer responsabilidades. Porventura, eventualmente, talvez uma ou outra carta na minha caixa de correio, mas creio que nem isso, pois a própria escola que ele frequenta sabe da marosca. É tudo uma invenção. Uma pequena burla. Uma mentira útil.

Passo a explicar. O meu irmão e a minha cunhada vivem para lá dos trás quintais, mas gostam desta escola, a escola que fica no meu bairro. Pelo grupo de professores pelo qual é composta, pelas referências que têm de outras pessoas, pelo próprio projecto pedagógico que a escola oferece, enfim por inúmeras razões.

Mas a lei dita que primeiro entram nas escolas públicas as crianças com necessidades educativas especiais, depois "as crianças que frequentaram, no ano lectivo anterior, a escola ou o pré-escolar naquele estabelecimento ou agrupamento, seguidas das crianças com irmãos naquele escola e, finalmente, seguidas daquelas cujos pais morem ou trabalhem na área de influência da escola".

Perante isto é preciso inventar, claro. E é ao que parece o que muitos pais fazem por esse país fora. E eu ponho-me a pensar cá para comigo (tanto mais que saiu hoje um artigo no Público sobre o assunto)...isto é justo? Mentir está certo?

Devemos deixar que sejam os pais a escolher livremente a escola dos seus filhos? Ou, pelo contrário, devemos criar regras e leis como a acima descrita, para coordenar o acesso à escola pública? Mais: se tivermos oportunidade de escolher não iremos todos optar pela escola da zona residencial X em vez da zona residencial Y que já é por si só problemática? Estaremos assim a criar escolas de elite e escolas gueto? Sinceramente...não sei como se contorna esta questão.

ele...

...tinha que me traduzir Tom Waits ao ouvido e dançar um slow.
Pelo menos.
Para já.
Para começar.

Depois não podia dar erros ortográficos. Vá lá de pontuação ou de acentuação ainda passavam, mas ortográficos NÃO.

Depois ainda tinha que gostar de beijos. Parece óbvio, não é? Mas estou a falar destes BEIJOS por extenso, extensíveis, em detrimento de bjs. Não gosto de bjs. Gosto deles por inteiro.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Vá moços e moças...obriguem-se...

Em Baleizão um treinador da equipa de futebol para incentivar os jogadores a darem o seu melhor gritava-lhes "Vá moços. Vá. Obriguem-se moços. Obriguem-se".

Há expressões alentejanas que são do melhorio. Esta é uma delas. Contudo, hoje não queria ainda falar delas, mas antes das palavras isoladas muitissimo alentejanas, muitissimo à nossa maneira.

Aventem-me umas quantas, se lhes vierem ao sentido.

Deposito entretanto aqui umas. Para começármos.
atabalhoado
plengana
trugia
rodilha
bruzéguio
busaranha
atibado
amagado
mainante
almariado
encigueirado
velhaco

E estes lugares em Beja?

(carregue em cima e perceba melhor do que falo)

Deixa-me rir que essa história não é tua...

Hoje é dia das mensagens de metro e meio. Desculpem. Se tiverem paciência leiam-nas, se não passem ao lado. Para mim são importantes foi por isso que as publiquei.
Mas vamos ao que interessa. O que me trouxe aqui agora não foi nada disso. É que andei a blogar pelo Alvitrando e ri-me com os comentários feitos de cada vez que Lopes Guerreiro se refere à tão ilustre + Alentejo. Em vários post's. Deu-me graça! Da primeira e única vez que aqui me referi à dita cuja publicação fui ameaçada de que iria ser processada. Ah,ah, ah, ah!

Há mas são verdes! - parte II

Assine a petição: amanhã pode ser você!

A deterioração das relações laborais avança em Portugal a um ritmo avassalador, com perda de direitos e erosão das condições de vida para sectores cada vez mais vastos da população. A par do aumento do desemprego, há hoje cerca de 2 milhões de pessoas em situação de precariedade, sujeitas à arbitrariedade dos patrões, obrigadas a aceitar os baixos salários e a incerteza, à margem do enquadramento legal, da protecção social e das garantias mínimas. A chantagem social individualiza as relações laborais para enfraquecer a parte mais fraca: os trabalhadores/as.

Assistimos à generalização da contratualização a prazo para funções permanentes, à vulgarização dos recibos verdes, ao crescimento do negócio das empresas de trabalho temporário, à transformação dos/as trabalhadores/as em “colaboradores/as”, sempre disponíveis e descartáveis.

O trabalho a recibos verdes é disso um bom exemplo: estima-se que existam hoje em Portugal cerca de 900 mil falsos recibos verdes, a desempenhar funções permanentes, com horário, local de trabalho e hierarquia reconhecíveis, mas sem qualquer contrato ou reconhecimento de direitos.

O Estado, que deveria ter uma responsabilidade especial nesta matéria - desde logo fiscalizando e impedindo esta chantagem ilegal sobre um conjunto cada vez maior de trabalhadores/as -, é o primeiro a não dar o exemplo: além dos meios insuficientes fornecidos à Autoridade para as Condições do Trabalho, há já hoje mais de 100 mil pessoas a trabalhar com vínculos precários em funções públicas.

A Segurança Social, uma conquista histórica e social que deveria garantir a solidariedade entre gerações e assegurar o apoio a todos/as em situação de vulnerabilidade, exclui hoje um número crescente de trabalhadores/as. Os/as trabalhadores/as sujeitos/as à ilegalidade dos falsos recibos verdes, quase sempre com baixos salários, contribuem para a Segurança Social, mas quase sem contrapartidas.

É neste contexto que muitas vezes estes/as trabalhadores/as têm de escolher entre cumprir com as suas contribuições para a Segurança Social ou fazer face às dificuldades do quotidiano.

Assim, há hoje milhares de trabalhadores/as a recibos verdes que viram acumular-se uma dívida à Segurança Social, que, nas suas condições, não conseguem saldar. Uma dívida quase sempre contraída numa situação que, além de injusta, é ilegal. É uma dívida contraída porque os patrões não descontaram o que deveriam, se a esse trabalho correspondesse o contrato de trabalho devido; é uma dívida contraída por milhares de pessoas que nunca tiveram direito aos subsídios de férias ou de Natal; é uma dívida contraída por pessoas que, por serem cinicamente consideradas empresários/as, nunca tiveram apoio na doença ou no desemprego.

A Segurança Social é uma conquista que não queremos perder. Queremos defendê-la, para que ela seja uma garantia solidária que nos proteja nas dificuldades e nos dê segurança quando olhamos para o presente e o futuro. Sabemos que os sucessivos Governos a têm vindo a esvaziar e afirmamos que nos bateremos por ela e pelo seu aprofundamento, capacidade e dotação. Uma sociedade com direitos no trabalho e na vida não pode dispensar uma Segurança Social forte e universal.

É por isso que dizemos que, quando olhamos para as dívidas destes/as trabalhadores/as à Segurança Social, se têm de fazer contas. O Estado permitiu a instalação confortável do abuso e da ilegalidade nas relações laborais. Não pode agora executar cegamente estas dívidas.

Assim, porque queremos uma Segurança Social forte, a que corresponda uma sociedade com direitos no trabalho e na vida, e porque não aceitamos que seja a própria Segurança Social a tornar-se uma forma de chantagem para os/as trabalhadores/as, exigimos que as dívidas contraídas por estes/as trabalhadores/as não possam ser executadas sem que sejam averiguadas as condições nas quais elas foram contraídas. Fazer as contas tem de ser um momento esclarecedor e rigoroso: a dívida daqueles/as a quem são devidos direitos há anos, tem que ser equacionada mediante a avaliação da responsabilidade dos que lucraram com a sobre-exploração do seu trabalho.

Esta proposta é incontornável na medida em que identifica (e pretende resolver) uma perversão no modo como se usa e abusa da legislação que autoriza a existência dos recibos verdes, que tem vindo a ser utilizada por um número cada vez maior de entidades empregadoras. O Estado tem que falar e terminar com as ilegalidades e injustiças a que se têm de sujeitar cada vez mais pessoas, desde logo na Segurança Social. Por isso, afirmamos: antes da dívida, temos direitos!


APRE! – Activistas Precários
FERVE- Fartos/as d’Estes Recibos Verdes
Plataforma dos Intermitentes do Espectáculo e do Audiovisual
Precários Inflexíveis
Assine a petição em
Eu já assinei.

Há mas são verdes!

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Convite exposição de Jorge Castanho

No dia em que o Blemias perdeu a sombra, o caderno que estava sobre o estirador que faz assessoria à criação por computador foi então guardando as manchas que instintivamente lhe eram distribuídas pelo pincel chinês, ajudado pelo colorido de umas velhas aguarelas.
O Blemias foi aos poucos recuperando o perfil perdido, dissolvido nos milhares de borrões que se foram dilatando, numa aproximação a qualquer um dos gestos tantas vezes experimentados.
Jorge Castanho
Exposição on-line aqui.

Planos

Hoje é dia 23 de Novembro. Amanhã é dia 24. De Novembro. E de amanhã a um mês é Natal. Falta muito ou quase nada. E nós somos muitos ou quase nenhuns. Perto daquilo que já fomos. E nesse dia gostamos de estar juntos. Como, aliás, em todos. Comer e beber bastante. Fazer contagem decrescente até à meia-noite. Abrir as prendas. O costume. Aquilo que penso que acontece um pouco por todo o Mundo, no mesmo dia e à mesma hora.
Mas, este ano porque a crise também nos bateu à porta resolvemos fazer algo diferente para a contornar: um sorteio. Já tínhamos tentado noutro ano, mas agora foi mais a sério. Então, a técnica consitiu no seguinte: as crianças escreveram os nomes dos adultos todos em pequenos papeizinhos e depositaram-nos numa caixa. Depois, a caixa circulou de mão em mão e cada um de nós retirou o seu papel. Eu darei a prenda àquela pessoa que me calhou em sorte. E apenas àquela. Assim, em vez de dar doze prendas, darei só cinco: uma a cada uma das crianças (que ficaram de fora do sorteio) e outra ao meu familiar secreto que terá, na hora de desenbrulhar o presente, que adivinhar quem lho ofereceu.
Também já combinámos as comidas. A anfitriã faz o perú, eu e a minha irmã o bacalhau, as minhas cunhadas os doces.
Hoje ainda é 23 de Novembro. Amanhã é 24. De Novembro. E de amanhã a um mês é Natal. Falta muito ou quase nada, mas eu já penso nele....

domingo, 22 de novembro de 2009

Afinal...

Ontem nos caminhos vi uma série de carraceiros mas não vi gado nenhum. Na escola primária tinham-me ensinado que este era o exemplo perfeito de uma relação +/+. Enganaram-me. Afinal, nem todas as relações são simbióticas...

sábado, 21 de novembro de 2009

Quinta-Feira
Só tenho uma palavra para ti: a espera. A espera. Vem agora. É às 4 horas. Já não é. Telefonemas cruzados. Mensagens contraditórias. Vem já. Vem agora. Afinal, não. A espera. Vamos embora daqui. Lanchar com uma amiga. Jantar com outros amigos. Beber descafeinado com outro ainda. Uma dor de cabeça violenta. Um dia completamente sem sentido.
Sexta-Feira
Só tenho uma palavra para ti: a espera. É às dez. É às onze. É ao meio-dia. É às duas e meia. A espera. Um corpo inerte. Roxo. Frio. Finalmente que vi para acreditar. Destapei a mortalha e vim-me embora. Depois um chá com um amigo. Um jantar com vários outros. Dormir mal. Não dormir, aliás. Acordar às quatro e meia da manhã e não pregar mais olho. Outro dia completamente sem sentido.
Sábado
Só tenho uma palavra para ti: a espera. Levantar às seis. Para sair às sete. Para chegar às nove. A espera. Para ser atendida às onze. Para apanhar o primeiro comboio à uma. A espera. Para apanhar o segundo às duas. A espera. Para chegar finalmente a casa. Para quê? Para esperar que o ansiolítico faça efeito e me impeça de escrever estas merdas.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Experiências na blogoesfera

Por norma gosto de escrever no EuFêmea no final do dia já a entrar pela noite. Depois de vir do serviço, depois de jantar. E regra geral não escrevo enquanto estou no trabalho a não ser que regresse prepositadamente mais cedo da hora de almoço ou assim. Mas hoje vou fazer uma experiência. Vou deixar gravada uma mensagem que há-se surgir apenas amanhã, às 14 horas. Porque me apetece. Porque não estarei cá nem lá. A mensagem não é especial. A experiência é que é. Pelo menos engraçada.
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Tão engraçada, tão engraçada que não resultou. E tu que me estás a ler sabes que estás em falta para comigo, pois já te pedi que me ensinasses a fazer isto há 500 anos. Sim! Sou lerda. Não sei programar o blogue.
...e quando vidinha rima com merdinha...

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Desconfio do altruísmo. E assumo!

Nós pensamos numa proposta. Pensamos, pensamos. Não por altruísmo, antes por egoísmo. Por vermos ali a oportunidade de fazermos aquilo que gostamos realmente de fazer. Então, perdemos a vergonha, escrevemos um mail, arriscamos uma abordagem, uma conversa. "Olha gosto do teu projecto, gosto da tua equipa, gostava de colaborar (voluntariamente) contigo, posso fazer isto assim e assim, tenho esta e aquela experiência, o que achas?" A pergunta é lançada. A batata quente fica do lado de lá. E depois ficamos apreensivos, expectantes, com receio. Aí o que é que eu fui dizer!! No entanto, as reações são sempre inesperadas. Das melhores. "Claro! Porque não? Precisamos disto. Sê bem-vinda!".
E a seguir ficamos contentes. Muito contentes! A querer dar o nosso melhor desejando que tudo corra bem.
Obrigada Rita do jornal. Obrigada Ana do teatro.

Tenho vergonha!

De quantos escândalos já tivemos conhecimento este ano? Daqueles de colarinho branco? Envolvendo políticos e ex-políticos, detentores de altos cargos da Nação? De empresas públicas, do Estado?
Quero fazer um flash back e já não dou conta. Foram demasiados!
E resultados? Onde estão?
Porque razão ninguém se indigna? Ninguém se manifesta? Ninguém se insurge quanto a isto?
Eu quero explicações! Eu preciso de explicações!
Porque razão vão destruir agora as escutas entre Armando Vara e José Sócrates?
Alguém me explica...????

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Este vinho tinto reserva foi vinificado com as castas tradicionais da região - Aragonez, Trincadeira, Castelão e Alicante Bouschet - estagiou em madeira de carvalho francês, tonéis de madeira exótica, e mais tarde na própria garrafa. Vinho com carácter nobre do Alentejo, de cor rubi com nuance acastanhada, com aroma rico e cheio a frutos em passa, compota e caramelo, é macio, com ligeira adstringência, equilibrado, de taninos suaves e aveludados, com corpo, onde se nota o carácter frutado e ligeira evolução que se prolonga no final da prova.

vida real

Ele sabe que ela gosta que lhe tirem fotografias quando está despida. Nua. Os contornos dela são bonitos e ele sabê-lo bem. Porém, nunca lhe ocorreu fazer zoom out sobre o seu corpo e guardá-lo na memória para visitar a seguir. A memória dela custa-lhe. Apoquenta-o. Se acendesse um cigarro na sua boca e lho desse, ele saberia que ela sorria por tão delicado gesto. No entanto, nunca o fez por se distrair das coisas simples. A sensibilidade dela desconcentra-o. Ela gostava depois de tudo e ainda que por perto de dizer-lhe “até amanhã, amor” dando-lhe um beijo na face. Contudo, ele nunca lhe retribuiu esse beijo que a embalaria no sono mais profundo. A delicadeza dela aborrece-o. Não a entende. Ela gostaria de ter ido com ele escolher aquela blusa. Azul. E ele nunca foi com ela escolher coisa alguma. A extravagância dela irrita-o. Na praia ela costuma enrolar-se na areia e ficar tola como as crianças, mas ele nunca foi com ela à praia ver-lhe os cabelos molhados a escorrer pelas costas, as pegadas a deixar marcas, as conchas a empilharem-se na mala. Porque a infantilidade dela esgota-o. Ela gosta de dançar e gosta dos homens que dançam porque só os homens que dançam se entrosam com ela. Apesar disso ele jamais a levou ao baile, à discoteca ou pôs um cd lá em casa. As performances dela traem-no. Ela gostava de pendurar-se ao pescoço dele logo que ele saia do banho. De manhã. De beijar-lhe os olhos fechados e de pedir “preciso de palavras bonitas para o meu dia". Todavia ele afastava-a e ia vestir-se de silêncios. A afectividade dela sufocava-o.

Agora e como sempre ela não lhe diz do que gosta nem espera já que ele adivinhe, porque a frieza dele repele-a. O pragmatismo afasta-a. A aspereza mete-lhe medo.

Já não o procura. Já não o encontra. Já não o chama. No entanto, se o avista ainda que de longe tem vontade de dizer-lhe e diz-lhe “Continuas bonito. Gostei de te ver”.

E ele que até é tímido não baixa os olhos, não cora e nem lhe diz obrigado.

Porque a sinceridade dela cansa-o. Desgasta-o. Assusta-o. Fá-lo pensar que deve dar algo em troca. E agora, de facto, tanta frontalidade não serve para nada. É dispensável. E violenta demais.

E ela sabe também e ao mesmo tempo que não precisava de ser tão real. E pensa: eu sou ficção.

domingo, 15 de novembro de 2009

Fim-de-semana

Não há nada que melhor possamos fazer às saudades senão matá-las.

sábado, 14 de novembro de 2009

Jacinto Lucas Pires

Sabem quando criamos uma imagem de uma pessoa baseada às vezes só na sua aparência? Ou naquilo que escreve? Ou naquilo que escrevem sobre ela? E criamos expectativas de que seja assim ou assado?
Criei de um homem uma imagem bonita depois de ler-lhe apenas dois pequenos livros: "Azul-Turquesa" e "Para avaliar do seu grau de pureza". Uma imagem que me persegue há já muitos anos. Estaríamos provavelmente em 1998. Na altura estava a terminar o curso e ele a ingressar na minha faculdade na qualidade de professor. Professor de escrita criativa. Ele tinha a minha idade e eu olhava para ele como para qualquer outro rapaz da minha idade na esperança de que ele pudesse ver-me. Anos mais tarde vim encontrá-lo na biblioteca de Beja, para a qual fora várias vezes convidado a falar sobre os seus livros e textos adaptados para cinema e para teatro. Agora, novamente passados outros tantos anos (bastantes) fixei novamente os olhos nele. Não me viu, claro. Mas, eu escutei atentamente as suas músicas e pensei: é desta!
Assim, depois do concerto, meio a medo, envergonhada, saquei dos livrinhos que levara na mala e estiquei-lhos para que os assinasse. E o autor escreveu "para a M. as minhas primeiras vozes "cantadas" por escrito" e em "Azul-Turquesa", "para a M. este livrinho azul-turquesa entre o cinema e o quê?".
Pronto! Fiquei contente! Mas já não lhe procurarei os olhos. A imagem corresponde, não se desvaneceu, mas o homem é apenas e só mais um homem! E eu já não sou mais aquela menina encantada com palavras doces.
Aliás, "Para avaliar do seu grau de pureza" já tinha a dedicatória de um amigo que mo oferecera e que reza assim: "Para avaliar o teu grau de pureza não seriam necessárias grandes reflexões. Mas, pureza faz-me lembrar puré. Portanto, a pureza de cada um deve-se medir pela quantidade de batatas disponíveis em stock. Eu sou mais batata frita. Tu deves ser mais batata cozida, que é a mais pura quanto ao sabor. Pureza? Não sei o que é...Sabes?" J.
Com amigos assim quem é que quer saber de imagens e de seres etéreos?

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

SEXTA-FEIRA 13

Hoje é sexta-feira treze e eu (que não acredito nessas coisas) apetecia-me ter azar.
Ter o azar de ver tudo ao contrário: um rasgo de luz em plena noite. A chegada de alguém sem ser convidado. Olhar e ver tinto em vez de ver transparente. Um toque polifónico, mas no meu ombro. O tapete tirado debaixo dos pés. Uma ventania tamanha que acendesse as velas.
E mais. Muito mais porque "um azar nunca vem só!".

E se...

...de repente um desconhecido lhe oferecer flores? "Isso é impulse".
Pois! E se de repente um desconhecido lhe depositar filmes pornográficos na sua caixa do correio? Isso é...
É... é o que na verdade está a acontecer desde Agosto em São João da Madeira. Filmes pornográficos chegavam às caixas do correio sem envelope, destinatário, nome do remetente ou qualquer contacto, mas com capas explicítas que não deixavam dúvidas quanto ao conteúdo.
Isto poderia ter sido tirado da secção "Mundo Louco" do Correio da Manhã, mas não. Vem nas páginas do tão distinto Público que avisa: só uma senhora recebeu 34.
Ele há cada pancada!

Você na TV!

“Na terra acho, na terra deixo” é o nome de um documentário a exibir na próxima segunda-feira, dia 16, na RTP2. Trata-se de um trabalho sobre a figura e a obra do conhecido poeta do povo, António Aleixo.
Nele se dá voz a familiares e amigos dando-lhes a oportunidade de contarem como foi esse grande homem, como foi a sua vida e a época em que viveu, pretendendo-se desmistificar a denominação de poesia popular muitas vezes associada a um certo número de representações negativas que a situam ao lado da literatura menor.
Mas, além de documentário, “Na terra acho, na terra deixo” tem também uma componente ficcionada onde António Aleixo é uma presença “real” através de um actor que o representa em determinadas situações, humanizando a referência à sua figura, fazendo-nos viajar no tempo, aproximando o espectador do artista.
O actor em causa é Rui Cabrita. Um moço talentoso que faz teatro em diversas companhias; que dá aulas de expressão dramática, todas as manhãs, num colégio; que posa nu para os alunos de arte da universidade; que até já fez anúncios televisivos e que quando quer mesmo ganhar dinheiro tem que ser luminotécnico porque as artes infelizmente dão mau viver.
Este moço é o marido da minha irmã. O meu cunhado. Aquele! O actor. O Rui Cabrita. Um moço talentoso que faz teatro em diversas companhias; que dá aulas de expressão dramática, todas as manhãs, num colégio; que posa nu para os alunos de arte da universidade; que até...... Esse mesmo: o actor. O Rui Cabrita! O meu cunhado. O marido da minha irmã. Aquele que...

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Não, não vou escrever um post sobre ti. Tu que já fizeste parangonas de jornal por esse Mundo fora. Que já puseste meio Mundo a soluçar. A actualidade da tua notícia soa-me a antigo. Não me sensibiliza saber que Angela Merkel enviou as condolências à viúva enlutada. Ou que os presidentes da FIFA e da UEFA já manifestaram o seu pesar. Quero lá saber se o site do Benfica ostenta uma faixa preta ou se os jogadores vão entrar no próximo jogo com fumo a sair das camisolas (o ridículo a que isto chegou!). Também nada me diz que a Federação Alemã de Futebol tenha anulado o jogo de apuramento para o Mundial de 2010 ou ainda que o Moreira venha demonstar que era teu amigo ao revelar que tu eras alérgico a alho françês. Eu nem sei quem é o Moreira! Ele e milhares de outros que se juntam em vigilias, desfiles, manifestações. A festa que fazem à volta da morte! Cabrões! Desculpa lá mas tenho que te dizer (ou será avisar?) que morrem enforcados e com tiros de caçadeira muitos homens em Odemira e que o suicídio é uma fenómeno brutal no Alentejo. Fica a saber que ninguém lhe dá destaque ou discute o assunto que é antes um caso de estudo. Portanto, fica ciente que eu não escrevo este post para ti. Aliás, Robert Enke queres saber mais? Eu quero que tu te fodas!

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Escritores com alma à mostra

Um dia decidi que não gostava de biografias. Pelo menos de escritores. A culpa foi de Isabel Allende. Depois de ler "Paula" o seu livro auto-biográfico ficaram destruídas todas as minhas ilusões e fantasias. Através de "Paula" percebi que todo o mistério de "A Casa dos Espirítos", de "Eva Luna", de "O Plano Infinito" e de "Amor e de Sombra" tinham um fundo real. E todos me surgiram desmascarados. Não gostei! Fiquei zangada com a romancista que me revelava as suas fontes de ficção. Portanto, nunca li uma biografia.
Mas agora:
depois de ouvir António Lobo Antunes a dizer que se irrita quando as pessoas lhe dizem "gosto das suas crónicas" (eu que tanto lhe adoro as crónicas);
depois de o ouvir dizer que para ele as ditas são um género menor, ao contrário dos livros (não posso escrever romances) que ele tanto valoriza;
depois disto resolvi conhecer primeiro o homem, entrar-lhe na cabeça, saber-lhe da vida real para tentar compreender as suas obras.
Resolvi ler "Uma Longa Viagem com António Lobo Antunes". Uma biografia. A minha primeira biografia. Depois conto-vos...

É hoje. É hoje.

Ele já chegou. Entretanto já saiu. Foi ao armazém buscar umas peças. Começou pela torneira da cozinha. A seguir vai para a torneira do lavatório. E depois... depois vai desentupir-me aquele ralo que fica no chão (ao lado da banheira) e que me permitirá dar na minha casa nova com problemas de casa velha os meus
A-DO-RÁÁÁ-VEIS
BANHOS DE IMERSÃO.

anhus

Sou uma privilegiada. Tenho na minha vida três anhus. Três. Por muito que eles cresçam continuo a vê-los sempre pequenos e sei que não se importam nada com isso. Um já pergunta quem é o presidente da Câmara de tal e tal sítio ou quem ganhou as legislativas, o outro quer agora aprender a andar de skate e a tocar piano e o terceiro, assim por ordem de chegada à minha vida, fez hoje a sua primeira visita de estudo. Levantaram tão cedo o anjinho! Levaram-no para ir ver os planetas, as galáxias, os meteoritos a partir do Planetário em Lisboa. Deve vir contente e estafado. Por ser o mais pequenino chamo-lhe o pesseguinho. Digo-lhe (como me ensinou um amigo) que tenho uma máquina de beijos. Ele gosta. E outra de cócegas. Ele também gosta. E outra ainda de histórias que ele adora. Na última noite que dormimos juntos foram quatro de seguida. Tudo inventado em cima da hora. Os meus anhus, os meus sobrinhos, os homenzinhos da minha vida são crianças adoráveis. E eu sei que a culpa não é só deles. Não é como dizem certas pessoas “os teus irmãos tiveram sorte com os filhos que têm!”. Como que a dizerem, muitas vezes, “eu tive azar com os meus”. Não. Não é nada disso! Não se desresponsabilizem. Os meus sobrinhos é que têm sorte com os pais que lhe couberam. Independentemente da sua própria personalidade, os nossos filhos, os nossos netos e sobrinhos são o resultado daquilo que somos como pais, como avós e como tios e tias. Eu quase que não tenho responsabilidade nenhuma relativamente aos meus, mas pelo menos um poucochinho cabe-me a mim. Nem que seja pelos beijos que lhe dou, pelas cócegas que lhe faço e pelas histórias que lhe invento.

É hoje!

...o canalizador vai lá a casa!! Às três.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Bijoja este post é para ti!


Jony, Jony...tinhas sete anos. Estive agora a fazer as contas. Vias a Rua Sésamo em frente à televisão a comer bolachas como o monstro das bolachas. E via-la tão entretidamente e tão inocentemente que um dia me perguntaste se podias ir lá. Lá à Rua Sésamo. Deve ter sido uma carga de trabalhos para te explicar que aquilo não existia e era só cenário e deve ter sido também uma maldade tê-lo feito perante uma criança tão fantasiosa e crente como tu.

A Rua Sésamo faz hoje quarenta anos e vinte em Portugal. Eu li isto nos jornais e não pude deixar de lembar-me de ti.

Ele que confirme para sempre no céu ou lá onde está, os laços com que me uniu a ti na escola, na infância, na juventude e na vida

Hoje ligou-me. Há anos que não falávamos e hoje ligou-me. [Temos que prestar bem atenção à palavra: ligou. Ligou-me a si própria. Ligou-me a ela. Reparem que já não se diz telefonou-me, mas sim ligou-me. Ou telefona-me, mas sim liga-me. Liga-me a ti. ]
Bem...continuando. Ouvi o telefone, olhei, vi um 92 qualquer coisa e atendi. Conheci-lhe logo a voz apesar da pronúncia espanhola. Estivemos um bom tempo à conversa. Fiquei a saber que agora está por cá. Por Beja. Novamente na casa da mãe. Deixou tudo para trás e regressou para dar assitência a uma tia que está internada num lar. A tia Té. Desde 2006 que não me ligava a ela. Um dia houve em que tentei vistá-la numas férias, mas desencontrámo-nos. "Senhor tem piedade de nós, somos o teu povo pecador, toma a nossa vida de pecado e dor, enche o nosso esprito de amor". Andámos juntas no ciclo, depois na secundária. Só no décimo ano é que escolhemos áreas diferentes e fomos para escolas diferentes. "Estou convencido que nem a morte nem a vida nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus". E depois na faculdade fomos para Lisboa, mas Lisboa começou a ser grande demais para nós e desencontrámo-nos outra vez. Porém, lá nos íamos vendo nas férias. Ela tem o meu diário. Eu tenho a Bíblia dela. Éramos as melhores amigas do Mundo. Embora ela fizesse coisas que eu não, como aliás, ainda hoje. Ela ia à missa, e às procissões vestida de anjinho, e fazia retiros no seminário, e fez a catequese e a primeira comunhão e essas coisas todas. Depois de feito o curso (ela tirou economia com excelentes notas) optou. Optou. Optou e todos tiveram que render-se. A Leonor ou Leanora ou Nônô escolheu ser freira. Carmelita Missionária. "Irmã que pedes a Deus e à sua Igreja?"/ "Servir a Deus e aos próximos como Carmelita Missionária todos os dias da minha vida"/ "Irmã Leonor pelo baptismo morreste para o pecado e foste consgrada ao Senhor. Queres agora unir-te mais intimamente a Deus Pai, Filho e Espirito Santo, pela profissão perpétua na congregação?"/ "Sim, quero"/"Queres com a Graça de Deus abraçar para sempre a mesma vida de castidade pelo Reino, obediência e pobreza que Cristo e a sua Mãe para si escolheram?"/ "Sim, quero". Eu fui ao casamento dela. Ou aos votos perpétuos. Em 2006. E sim foi assim. Numa igreja muito decorada e com cânticos e tudo. E depois uma festa. Um "copo de água" a valer. Sei que nesse dia ela se sentiu uma noiva. E sei que desde então não mais tínhamos falado. Até hoje. E na expectativa de marcarmos um encontro, perguntei-lhe: "E agora estás cá até quando?"Ao que ela respondeu "Até que a minha tia viva". Qualquer um de nós provavelmente diria: até que a minha tia morra. "O Senhor Deus que inspira e leva a bom termo os santos propósitos te acompanhe sempre com a sua Graça para viveres fielmente a tua consagração". E para teres tempo de estar comigo.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

A queda do muro

A Rodica vai ter connosco sempre que precisamos. Limpa-nos a cozinha, aspira o escritório, tira o pó das secretárias e dos computadores, lava-nos os estúdios, muda-nos as camas, aspira a bancada, passa a mopa no linóleo. Estende-nos a roupa. Alerta-nos para os detergentes que é preciso comprar. A Rodica usa roupas de senhora. É uma senhora. Tem o cabelo sempre alinhado, as unhas arranjadas, os sobrolhos também. Tem madeixas. E malas a condizer com os sapatos. E sempre um fio de ouro e uns brincos. A Rodica tem uma filha: a Ana Maria. A Ana Maria anda já no segundo ciclo. E pede à mãe as coisas que os outros meninos e meninas pedem às mães. Uma Nintendo, um Magalhães, malas e afias e tesouras e canetas e blocos da Hello Kitty. A Ana Maria tem um nome português, mas não nasceu cá. Nasceu na Moldávia. A Rodica e a Ana Maria são moldavas. E o pai, um senhor que nunca vi mas que telefona insistentemente e que fala muito alto, é moldavo também. Estão os três em Portugal há cerca de dez anos. Ignoro os obstáculos que tiveram que ultrapassar para se estabelecerem por cá, mas calculo que tenham sido muitos. De vez em quando a Rodica muda de casa, de vez em quando pede-nos para enviar faxes que nos correios são muito caros, de vez em quando pede-nos para consultar a internet que não tem. E pede-nos também dinheiro emprestado. Que vai pagando com horas que há-de fazer. De vez em quando fica sem telemóvel porque lho cortam. E agora a Rodica está grávida de novo. Ela deve mesmo amar o homem que fala alto. Porque a grande aventura não é ter um filho mas antes ter o segundo. Ai sim. Aí é que o amor fala mais alto. A vida da Rodica não deve ser fácil. Ela faz-nos todos os favores de que precisamos por cinco euros à hora. Num dia inteiro farta-se de trabalhar e recebe quarenta euros. A seguir vai ao supermercado e eles gastam-se. Não parece, mas a Rodica tem a minha idade. E estudou. E é professora primária. E ao pé dela eu não sei nada de nada.
Nota: E ainda assim aposto que ela deve ter ficado feliz com a queda do muro.

dá-me a volta. no próximo sábado


As estações que há em ti!

Está tudo baço. O vento desalinha. Os semáforos são cinzentos, as estradas claro são cinzentas, mas as paredes não é claro que o sejam e no entanto são-no também. Os jardins são amarelo-ocre-dourado e os bancos dos jardins são húmidos e quando nos sentamos neles ficamos com as calças molhadas. As folhas espalham-se e estalam debaixo dos pés porque os pés procuram pisar prepositadamente as folhas para que os donos dos pés as oiçam estalar. E de vez em quando chuvisca e o cabelo fica molhado como as calças do jardim. E sentimos um frio desconfortável. E continua tudo baço. E o vento desalinha. Também por dentro. Tira a cor às estações do coração. E derrama-lhe cinzento para cima. E é esta ambiguidade que detesto: nem branco, nem preto. Cinzento. E tira à cor aos apeadeiros da razão. Também. Não sabemos onde devemos parar. Para onde tirar bilhete. E isto tudo por causa de uma questão cromática que nos turva a visão. E isto tudo porque hoje acordei com o Outuno dentro de mim.

Dá-lhe com a alma

O prémio ALMA foi criado pelo Governo sueco em 2002, em memória da autora de Pipi das Meias Altas, e é atribuído todos os anos a autores, ilustradores e organizações que promovam a leitura à luz dos princípios de Astrid Lindgren.
Este ano, entre 168 candidatos de 61 países, Portugal está representado pelo projecto Palavras Andarilhas, sendo candidato ao mais importante prémio internacional de literatura infanto-juvenil, o Astrid Lindgren Memorial Award (ALMA), atribuído pelo Conselho Nacional de Cultura sueco e com o valor aproximado de 500 mil euros.
Estas são as notícias que eu gosto de dar!

domingo, 8 de novembro de 2009

procura-se...

...há que tempos em Beja um Ás do jornalismo desportivo.
Porque razão ninguém aparece?

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Bom fim-de semana

São só dois dias. Sábado e domingo. Coisa pouca. Uma malinha simples. Cremes e coisinhas dessas não precisa que tenho lá. Calças e t-shirt's, cuequinha e soutien, o belo do ténizinho que agora já não é tempo de sandálias, mas ainda não é tempo de botas. E pronto. Já está. Leve como uma pena. Toc, toc, toc por aí acima. Para passear. Estar com os amigos. Jantarmos juntos. Conversármos. Distrair-me disto tudo. Estou a precisar. E faz-me bem. E faz-me falta. E eu preciso. Volto sempre cansada mas rejuvenescida. E isso é bom.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Tira-me daqui!

Hoje não me apetece estar aqui. Não me apetece. Quero ir para casa. Ou para a rua apanhar com o vento frio que corre lá fora. Vestia o casaco e pronto já estava. Os cabelos podiam andar pelos ares que as orelhas e o pescoço estavam protegidos e quentinhos. Ia vendo as montras, entrando nas lojas. Parava naquele café. Pedia a minha meia de leite. Fumava um ou dois cigarros e ficava ali parada a olhar. A seguir ia para casa. Fazia o meu jantar. Com calma e paciência. Com sorte talvez saisse bem. Comia sossegada. Sossegadinha. Vestia o meu pijama, calçava as minhas meias grossas e deitava-me no sofá. Era mesmo o que me apetecia.
Estar aqui é que não. Hoje não. Está cinzento lá fora e eu estou cinzenta cá dentro. Por dentro. Já fiz o que tinha a fazer: recebi as propostas, agradeci, já fiz os contactos - neste caso - com os músicos, já pedi o cachet, já o negociei. Já pedi imagens e ficha técnica e sinopse. Já contactei os técnicos de som e de luz. Já reenviei os raiders técnicos. Está tudo combinado. O alojamento está marcado. O catering decidido. O restaurante também. O camarim está arrumado. A senhora da limpeza há-de vir na véspera. Já fiz a nota de imprensa. Já enviei para a comunicação social. E para a agenda cultural. Já passei a informação ao designer que irá fazer o e-flyer. E o mupi. E o cartaz. Depois - talvez amanhã - vamos distribui-los. E vou enviar o sms. E no próprio dia hei-de fazer a bilheteira. E receber o público. E é assim todos os dias! Fazer produção é isto. Isto e muito mais. E dá trabalho. E dá gozo também. Ainda que eu me pergunte "M. mas afinal o que é que tu produzes?" e chegue à triste conclusão e diga para mim própria "Nada".
Há dias em que sou pouco benovolente comigo própria. E pouco impiedosa. E hoje é um deles. Está visto!
É que eu até gosto disto!Gosto do dia derradeiro em que me sento e suspendo a descrença e escuto e sinto um novo som, ou vejo uma nova peça ou sou embalada por um novo dançar.
Mas...não. Hoje não! Hoje não quero saber disto para nada!

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

escritor alentejano...

Possidónio Cachapa ou uma nova maneira de promover um livro!


a chover e a fazer sol e as bruxas a comerem pão mol(e)

terça-feira, 3 de novembro de 2009

no fundo, no fundo...

apesar do cansaço que dá às vezes ser mulher continuo senhora elegante e em fundo azul. azul turquesa, qual marquesa. meretriz por um triz. ai, ai o que é que diz? tenha tento! vista o fato cinzento, pegue na malinha, ajeite a melena e arme-se em madalena. arrependida não que vem logo o papão, em marlene e tocam logo a sirene. em maria. mas maria vai com as outras. avé. avé. reze e venha pé ante pé. até aqui ao azul. azul turquesa que faço de si uma princesa. e apesar do cansaço que lhe dá às vezes ser mulher dispa-se de querer ser e ficamos os dois no azul que no fundo é o mar que o seu nome soube albergar. mar, mar, mar...

Última medida ou primeira medida?

Estas renovações, ontem publicadas, foram decididas por quem?
E com base em que critérios?

Uma vergonha nacional


Foi publicado o mais recente relatório sobre os recursos humanos nos municípios portugueses, da responsabilidade da Direcção Geral das Autarquias Locais (DGAL).


Os dados apurados, referentes ao ano de 2008, revelam que perto de 20% dos trabalhadores e trabalhadoras das autarquias têm vínculo precário. Concretamente, segundo estes números cerca de 18% correspondem a contratos a prazo e 2% a recibos verdes. No total, estamos a falar de cerca de 25 mil pessoas.


Os números apurados baseiam-se no balanço social enviado pelos 308 municípios. O relatório de Caracterização de Recursos Humanos, recentemente divulgado, afirma que a 31 de Dezembro de 2008 os contratados a termo - certo ou incerto - representavam já 15,5% dos actuais 126 683 trabalhadores autárquicos. Em 2007, a percentagem era de 13%, num universo de 124 547 trabalhadores.


E em Beja? Quantos são?

Que medidas vão ser tomadas para fazer face a este descalabro?

E os tais concursos que iriam servir para colocar nos quadros os trabalhadores precários da Câmara Municpal de Beja... o que é feito? Sim! Porque era para isso que os concursos serviam e não para dar trabalho a desempregados como aludia o anterior executivo. Quanto não ganhariam se tivessem sido honestos! Já tinham pensado nisso?

...in Africa


domingo, 1 de novembro de 2009

Porque raio me aparecem uns blacks que nunca vi mais gordos na minha secção "sons que falam por mim" quando o que eu lá pus foi um vídeo do JPSimões, alguém me explica?

Oh, fazzzz fa voooo

Tenho um colega novo. Designer. Estagiário. Puto charila macaco sem ____. Simpático. Inseguro também. De cada vez que quer dizer o que quer que seja faz uma introdução. Assim tipo:"Vou só dizer uma coisa que é o seguinte..." e só depois diz mesmo. Ou então, por exemplo, quando quer perguntar algo, introduz assim "Oh M. só uma perguntinha", e depois questiona.
Então hoje (e uma vez feita a introdução eh,eh,eh) eu chamo a atenção para o seguinte. "Oh paizanos só uma questãozinha... porque é que a vacina da gripe A não está acessível a todos nas farmácias e não pode ser adquirida por prescrição médica, ou seja, mediante uma receita e por qualquer mortal?" Hum?

dia de todos os santos

não fui levar-lhe flores mas comprei-as para mim. não gosto de ir a casa de ninguém sem ser convidada, portanto...há muitos anos que não vou vê-las. nunca fui vê-las. desde que partiram que nunca fui vê-las. também não adiantava ir porque já não estão lá. na verdade não sei onde é que estão. as minhas mulheres foram-se embora todas quase no mesmo dia. adeus disseram ou nem isso e tive que me conformar. foi há uns anos atrás. não os conto. não quero saber. abalaram e agora desenrrasca-te. não sei o que herdei de uma ou o que herdei de outra. coisas boas talvez. dela a que morava na aldeia recordo-lhe as sopas e os ensopados, os caldos e os assados no forno de lenha. matava as galinhas, os borregos, os porcos, depenava as perdizes que os homens traziam da caça, as lebres e os coelhos e transformava tudo em lugar de mesa posta. não era crente mas sei que tinha os seus santos. quando ia votar vestia a sua melhor roupa. ou quando ia a Beja. na lareira fazia-nos torradas inclinadas num garfo e depois ofereci-as com planta. dela a que viva na cidade sei que tinha estudado na universidade. deu aulas. tinha um casaco de pele, perfume anais anais e batôn. fazia-nos arroz doce com desenhos e deixáva-nos brincar com os tachos lá de casa. inventava histórias que escrevia.
em comum tinham o facto de ser ambas minhas avós. de me darem abraços e festas e beijos e de terem a pela branca e os olhos azuis. de serem muito bonitas. hoje como quase sempre lembrei-me delas. abalaram e nem disseram adeus. ou porque não tiveram tempo ou porque estavam cansadas ou porque não queriam ainda partir. mas hoje não me convidaram para ir lá a casa. ou lá onde estão que é não sei onde. não sei se no céu se noutro lugar. talvez no meu coração estejam. sim. no meu coração estão. por isso não fui levar-lhes flores e comprei-as cá para casa.

Mortes há muitas

As minhas preferidas são as das cebolas esquecidas no cesto da despensa. Quando as encontramos, findas, já cheiram mal. Mas há também as dos iogurtes líquidos magros passados da validade. Ou as dos peixes suicidas que se atiram borda fora do aquário quase sempre redondo. Ou as de um texto que finalmente chega ao fim (perdoem-me a redundância). Como também as de umas botas a que o tempo se encarregou de estragar a sola.
Mortes há muitas! como diria o outro. Mas, as piores e mais díficeis são aquelas em que o morto permanece vivo. Vivo da silva. Passo a explicar: damo-lo como falecido. Atiramos, aliás, muitas vezes o tiro derradeiro. Decretamos o luto, mas... o pior vem depois. Como continua livre e à solta nem sempre conseguimos fazer-lhe o enterro. Afogamo-lo várias vezes e várias o puxamos ao de cima, num desespero tipo "ressuscita lá, ressuscita lá". Ou há-de ser com telefonemas ou há-de ser com mensagens ou há-de ser com e-mails. Uma canseira! Tantas amonas temos que dar até nos convencermos que realmente morreu! Txi!!
Mas...ultrapassado esse período respiramos de alívio. As perninhas já não tremem, o coração já não acelera, as lágrimas já não caem. Fazemos-lhe o velório e desejamos que descanse em paz.
Ele e nós. Que continuamos vivos por aqui.