domingo, 1 de novembro de 2009

Mortes há muitas

As minhas preferidas são as das cebolas esquecidas no cesto da despensa. Quando as encontramos, findas, já cheiram mal. Mas há também as dos iogurtes líquidos magros passados da validade. Ou as dos peixes suicidas que se atiram borda fora do aquário quase sempre redondo. Ou as de um texto que finalmente chega ao fim (perdoem-me a redundância). Como também as de umas botas a que o tempo se encarregou de estragar a sola.
Mortes há muitas! como diria o outro. Mas, as piores e mais díficeis são aquelas em que o morto permanece vivo. Vivo da silva. Passo a explicar: damo-lo como falecido. Atiramos, aliás, muitas vezes o tiro derradeiro. Decretamos o luto, mas... o pior vem depois. Como continua livre e à solta nem sempre conseguimos fazer-lhe o enterro. Afogamo-lo várias vezes e várias o puxamos ao de cima, num desespero tipo "ressuscita lá, ressuscita lá". Ou há-de ser com telefonemas ou há-de ser com mensagens ou há-de ser com e-mails. Uma canseira! Tantas amonas temos que dar até nos convencermos que realmente morreu! Txi!!
Mas...ultrapassado esse período respiramos de alívio. As perninhas já não tremem, o coração já não acelera, as lágrimas já não caem. Fazemos-lhe o velório e desejamos que descanse em paz.
Ele e nós. Que continuamos vivos por aqui.

1 comentário:

Anónimo disse...

:-)
:-)