quarta-feira, 23 de março de 2011

"anda um pai criando uma filha para isto!"

de facto! o meu não o diz, não é isso!, mas digo eu: atão andou um pai fazendo um 25 de Abril para isto? e aqui - repare-se - o artigo indefinido "um" não está lá atrás por distracção. é um 25 de Abril e não o 25 de Abril porque ele não é único. ou não foi! estamos cá nós para fazer outro. e atenção que estamos prestes!

não podemos desbaratar assim a olhos vistos o direito que o meu pai, a tua mãe e os nossos tios conquistaram de votar ou dar de barato o acesso à saúde pública e à democratização do ensino (e não não me enganei, não se trata de massificação óh! reaccionários!).
não podemos esquecer-nos dos contratos colectivos de trabalho, do acesso à segurança social, da liberdade de dizermos, escrevermos, cantarmos o que quisermos. não podemos nem devemos, ou melhor, temos o dever de fazer lembrar a quem já não tem memória que nós temos a memória dos tempos não vividos (faz de conta!) e que por isso não aceitamos que nos retirem os abonos dos filhos que temos medo de ter, que nos aumentem os impostos que não retornaremos a ver, que nos paguem a recibos verdes como se o país estivesse pejado de empresários por conta própria, que aumentem o número de dias para acesso ao subsídio de desemprego, etecetera, etecetera, etecetera por aí adiante.

hoje a besta caiu! bum! catrapum!
para quem não tem tido tempo de a fazer quotidianamente prepare-se: está na hora de a fazer agora! A REVOLUÇÃO!

segunda-feira, 21 de março de 2011

coisas pequenas

diz que hoje começou a primavera e diz que hoje plantei salsa, pés de malva que roubei no passeio de domingo e que fiz ainda um jardim de cactos que se cinge a um vaso só.
são coisinhas destas que me fazem feliz!
pode ser um lugar-comum. sim! talvez seja, mas subscrevo inteiramente essa ideia de que com a idade vamos aprendendo a dar valor às coisas simples da vida.

sábado, 12 de março de 2011

quinta-feira, 10 de março de 2011

CENTRO de (DES)EMPREGO

Depois de termos dado conta neste espaço de uma medida absurda do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) aplicada aos desempregados, a da obrigatoriedade de apresentação quinzenal na Junta de Freguesia da sua área de residência, com objectivos que desconhecemos, e também, em segunda crónica, de um instrumento de divulgação de ofertas de emprego pejado de intenções eticamente questionáveis, vamos debruçar-nos agora sobre a missão do próprio IEFP tal como o mesmo a define.

Segundo pode ler-se na documentação entregue aos desempregados, que não saberíamos que tínhamos não fora o dossier que nos dão, existe uma “coisa” chamada PPE e outra PAE. Ora bem!

Por PAE entenda-se Procura Activa de Emprego.

Por PPE, Plano Pessoal de Emprego.

A definição das diligências da PAE inclui a resposta a anúncios e outros meios de informação de ofertas de emprego; a apresentação de candidaturas espontâneas; a criação do próprio emprego; o registo do curriculum vitae em sites da internet e a inscrição em empresas de recrutamento e selecção, em empresas de trabalho temporário e agências privadas de colocação.

Enfim, quase que poderíamos dizer que até aqui tudo bem não fora a última alínea ser tão duvidosa! Deve o Estado, através do IEFP, promover as empresas e agências suas “concorrentes”, empresas estas que ficam com uma percentagem do dinheiro dos salários dos trabalhadores?

A demonstração da prova de Procura Activa de Emprego (PAE) é, segundo o IEFP, um caso sério que se demora em 10 extensas e exigentes alíneas. Destaco duas ou três!

Para fazer comprovativo do envio dos currículos deve o desempregado ter a cópia do registo de envio da carta. Ora convenhamos! Enviar uma carta já sai caro, enviá-la com registo mais ainda!

Para fazer comprovativo da resposta a anúncios deve o desempregado possuir a carta de resposta das entidades contactadas. Pois bem! É certo e sabido que ninguém, mas ninguém neste País responde aos milhares de currículos recebidos diariamente nas secretárias ou nas caixas de e-mail! É uma vergonha. Deviam ser obrigados a fazê-lo já que o Estado o impõe como condição, mas…

E finalmente, para fazer comprovativo da comparência nas entrevistas de emprego deve o desempregado possuir uma declaração emitida por um representante da entidade, mas caso tal não seja possível aceita-se uma declaração sobre compromisso de honra com indicação expressa da entidade onde a entrevista ocorreu, para “eventual confirmação por parte do Centro de Emprego”.

Todos os procedimentos, do Centro de Emprego à repartição da Segurança Social e desta à Junta de Freguesia, partem sempre da desconfiança, possuem um carácter intimidatório, a linguagem é de proibição, de vexame, de policiamento, ainda que – diga-se - os funcionários dos ditos locais quase não nos dirijam palavra.

O atendimento é breve. As perguntas são de identificação pessoal ou de carácter patrimonial (que bens tem, quanto valem, onde estão registados, quanto dinheiro tem na conta, etecetera, etecetera), contudo são suficientemente incómodos.

Os funcionários falam pouco, portanto. E, assim, ficamos a conhecer os deveres pelo papel e é também no papel que curiosamente conhecemos os direitos. Descubro com surpresa que compete aos Centros de Emprego definir com os candidatos as diligências mínimas a efectuar, o tipo de acções a desenvolver, assim como as respectivas quantificações e frequências com que devem ocorrer. Chama-se a isto o tal PPE no âmbito do qual deve, segundo o próprio Instituto, promover-se o envolvimento do desempregado e a sua atitude pró-activa, tendo em conta para tal os factores individuais e de contexto!

É evidente que se não formos nós a fazer-nos valer, não é o IEFP que o faz! Esta abordagem não existe. Este acompanhamento não é feito. Este tratamento não tem lugar.

Talvez por isso tenhamos que ter em conta os números sérios do INE e não os IEFP.

Há muito que muitos já nele não se inscrevem.

Se ao menos pudéssemos marcar-lhes faltas também!?

publicado no Correio Alentejo e em Esquerda.Net

quinta-feira, 3 de março de 2011

VALE TUDO

Recebo todos os dias na minha caixa do gmail um e-flyer do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP). O dito é produzido com base na informação compilada numa base de dados, a nível nacional, o denominado portal Net-Empregos anunciado com pompa e circunstância por Sócrates há uns anos atrás.

Com 1.196.448 candidatos inscritos, o portal auto-denomina-se “o maior site de emprego em Portugal”. Nele se podem registar quer pessoas à procura de trabalho, quer entidades à procura de trabalhadores. Porém, a plataforma e os e-flyers que produz de institucional e sérios têm muito pouco.

Como admitir publicidade neste tipo de suportes? E que publicidade? Quem ganha com isso? O próprio Estado? A quem pediu ele autorização para a veicular? Aos candidatos inscritos? Deve o próprio Estado “alimentar” a promoção de agências financeiras duvidosas quando o crédito mal parado atinge no País elevados números? E deve escolher os desempregados como público-alvo para a promoção dessa mensagem? Isto é ético?

Pode o Estado, através do IEFP, promover junto dos desempregados o Barclaycard com créditos até 6 mil euros? Ou a Cetelem? Ou utilizar os seguintes slogans “Tenha até 20.000€ na sua conta em 48 horas. Pré-aprovação on-line”, “Cartão de Crédito CITI: anuidades grátis para sempre!”, “De 500€ a 4 000€. Mensalidades fixas a partir de 15€”.

E promover os seguintes passatempos? “Johnnie Walker Experiences Habilite-se a ganhar prémios”, “Participe e Ganhe até 114.000EUR! Concurso Roda do Ouro”?

Deve o portal do IEFP e os e-flyers que produz a comunicar as ofertas de emprego disponíveis, fazer publicidade a “escolas” onde se aprende inglês a crédito e a prestações?

E o que dizer da promoção de entidades que não se identificam? Em cujo cabeçalho surge “anónimo”? Ou da aceitação de requisitos onde esteja expressa a idade máxima do concorrente? E do género?

Outros há em cujo e-flyer surgem escritos abusos como este “6 meses de estágio curricular não remunerados” ou este ainda mais gritante “PROCURA-SE jornalista na área da comunicação preferencialmente que tenha experiência no âmbito de revistas, jornais, rádios e restantes órgãos comunicação social com capacidade de organização e gestão das diversas matérias e que queira trabalhar muito e ganhar pouco!”?

Leu bem! Fiz copy paste.

E chamam a isto serviço público?