segunda-feira, 9 de novembro de 2009

As estações que há em ti!

Está tudo baço. O vento desalinha. Os semáforos são cinzentos, as estradas claro são cinzentas, mas as paredes não é claro que o sejam e no entanto são-no também. Os jardins são amarelo-ocre-dourado e os bancos dos jardins são húmidos e quando nos sentamos neles ficamos com as calças molhadas. As folhas espalham-se e estalam debaixo dos pés porque os pés procuram pisar prepositadamente as folhas para que os donos dos pés as oiçam estalar. E de vez em quando chuvisca e o cabelo fica molhado como as calças do jardim. E sentimos um frio desconfortável. E continua tudo baço. E o vento desalinha. Também por dentro. Tira a cor às estações do coração. E derrama-lhe cinzento para cima. E é esta ambiguidade que detesto: nem branco, nem preto. Cinzento. E tira à cor aos apeadeiros da razão. Também. Não sabemos onde devemos parar. Para onde tirar bilhete. E isto tudo por causa de uma questão cromática que nos turva a visão. E isto tudo porque hoje acordei com o Outuno dentro de mim.

2 comentários:

Anónimo disse...

Meu amor se serve de alguma coisa...o outono hoje também acordou cmg!!! e deixa-me dizer-te uma coisa:perferia mil vezes ter acordado sózinha!!!!

Mas texto está muito lindo.
Bêjos

be(i)ja disse...

Anónima - Pois é! Às vezes mais vale acordarmos sozinhas.