Sou encarregada de educação doe um dos meus sobrinhos. O do meio. Confesso que dai não me advéem quaisquer responsabilidades. Porventura, eventualmente, talvez uma ou outra carta na minha caixa de correio, mas creio que nem isso, pois a própria escola que ele frequenta sabe da marosca. É tudo uma invenção. Uma pequena burla. Uma mentira útil.
Passo a explicar. O meu irmão e a minha cunhada vivem para lá dos trás quintais, mas gostam desta escola, a escola que fica no meu bairro. Pelo grupo de professores pelo qual é composta, pelas referências que têm de outras pessoas, pelo próprio projecto pedagógico que a escola oferece, enfim por inúmeras razões.
Mas a lei dita que primeiro entram nas escolas públicas as crianças com necessidades educativas especiais, depois "as crianças que frequentaram, no ano lectivo anterior, a escola ou o pré-escolar naquele estabelecimento ou agrupamento, seguidas das crianças com irmãos naquele escola e, finalmente, seguidas daquelas cujos pais morem ou trabalhem na área de influência da escola".
Perante isto é preciso inventar, claro. E é ao que parece o que muitos pais fazem por esse país fora. E eu ponho-me a pensar cá para comigo (tanto mais que saiu hoje um artigo no Público sobre o assunto)...isto é justo? Mentir está certo?
Devemos deixar que sejam os pais a escolher livremente a escola dos seus filhos? Ou, pelo contrário, devemos criar regras e leis como a acima descrita, para coordenar o acesso à escola pública? Mais: se tivermos oportunidade de escolher não iremos todos optar pela escola da zona residencial X em vez da zona residencial Y que já é por si só problemática? Estaremos assim a criar escolas de elite e escolas gueto? Sinceramente...não sei como se contorna esta questão.
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