terça-feira, 31 de agosto de 2010

eu gostava

"O CENJOR está a organizar um curso inédito em Portugal sobre edição e produção de jornais diários, que decorrerá de 6 a 17 de Setembro, em Lisboa. É um curso intensivo, de 80 horas, que simula a prática redactorial da imprensa diária, possibilitando a aquisição de competências avançadas neste domínio.

O curso desenvolve-se num ambiente formativo que simula a organização produtiva duma Redacção de jornal diário de informação geral, em torno dos seguintes eixos programáticos: Organização da Redacção; Planeamento das edições; Execução dos serviços, redacção dos textos e sua edição; Preparação dos textos, fotografias e ilustrações para paginação.

Os formandos serão inseridos em grupos de trabalho redactorial, cumprindo oito horas diárias de prática jornalística, de segunda a sexta-feira, podendo escolher entre dois horários: das 9 às 17 horas e das 14 às 22 horas. A edição diária do jornal será coordenada por jornalistas formadores e a produção gráfica será assistida por técnicos de paginação.

A candidatura deverá ser feita através do preenchimento do formulário de pré-inscrição on-line, disponível no sítio do CENJOR (link: Candidaturas), seguido do envio de Curriculum Vitae, em resposta a este e-mail, uma vez que a selecção será feita com base na avaliação curricular dos candidatos.

Esperamos que esta informação seja do seu interesse e ficamos disponíveis para mais esclarecimentos, através dos contactos abaixo". (recebido por e-mail).


tenho um feeling que vou ser seleccionada e que vou daqui a caminho de Lisboa zunindo...

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

sms:

"era bom que trocássemos umas ideias sobre o assunto".

domingo, 29 de agosto de 2010

processos dolorosos

Um dia o meu pai quis aceder aos seus processos da PIDE e dirigiu-se à Torre do Tombo em Lisboa. Esperou bastante até que estivessem disponíveis e quando lhes acedeu ficou por lá a lê-los sozinho emocionado.

Quis conservar o processo junto a si e percebeu que teria que fotocopiá-lo todo, sendo que isso lhe sairia caro. Contudo fê-lo.

Quando chegou a Beja com aquele calhamaço o meu pai explicou-nos onde tinha ido e pediu a cada um de nós que nunca lhe mexêssemos. Até hoje ninguém teve coragem para o fazer e nem sabemos sequer onde está.

O pouco que conhecemos da história do seu passado são pequenas coisas que nos vai revelando. Espantado conta-nos que os pides tinham conversas dele e dos amigos transcritas a partir das mesas da Bambina; que foram interceptadas cartas dele de Paris para Beja para a sua irmã, na altura uma criança – cartas essas que num Natal fotocopiou e deu em mão à minha tia. Sabemos também que o brevet de monomotores não lhe foi atribuido por ser considerado um elemento perigoso para a Pátria. E pronto! Não sabemos mais nada. A não ser que quando fala nisso fica perturbado, por isso não perguntamos muito nem muitas vezes.

Hoje encontrei este texto na internet. É o testemunho de uma senhora que também foi buscar à Torre do Tombo os seus processos da Pide. Transcrevo-o aqui porque suponho que o meu pai tenha sentido algo muito parecido com isto. Peço desculpa pelo facto de não mencionar o nome da autora. Tentarei fazê-lo logo que possível.

“A consulta dos processos individuais da PIDE/DGS na Torre do Tombo pode tornar-se numa verdadeira descida aos infernos ou, no melhor dos casos, numa aventura inquietante. Foi essa, pelo menos, a minha experiência pessoal. Quando, oito meses após o pedido formulado, tive finalmente autorização para consultar o meu processo da PIDE/DGS na Torre do Tombo, não tinha a mínima ideia do que iria encontrar, ou mesmo se iria encontrar algo que me dissesse respeito.
Sentei-me, pois, à espera do que viesse. A funcionária traz-me um processo, abro-o e o primeiro choque é deparar-me com uma fotografia minha ampliada, aos 15 anos e em que eu estou com um sorriso luminoso. A segunda surpresa foi constatar que estava a ser seguida pela PIDE desde os meus 12 anos, quando ainda não tinha qualquer actividade política, nem sequer ainda tinha integrado a Comissão Pró-Associação dos Liceus, o que só aconteceria dois ou tês anos mais tarde. No entanto, já lá estava a correspondência por mim trocada com jovens estrangeiros que conhecera no Parque de Campismo onde passava férias. As cartas, escritas em francês e em inglês, estão bem traduzidas para português, nomeadamente poemas de Aragon e Éluard, enviados pelos meus amigos…Discutiamos sobre a repressão e a falta de liberdade em Portugal; eu estava ainda à vontade para abordar estes temas porque não tinha actividades políticas. É na sequência destas cartas (percebo só então) que um pide vem a minha casa, informa-se junto dos vizinhos e interroga a minha mãe, que lhe diz «Não entendo as suas perguntas, a minha filha é uma criança». Nessa altura eu chego do Liceu, de bata, rabichos e soquettes. O pide fica confuso, não devia esperar encontrar uma miúda e vai-se embora, sem me interrogar, escrevendo um relatório ameno, que está no meu Processo: «É uma menina de boas famílias, vão à missa todos os Domingos; o pai parte àmanhã para o Ultramar…» Lembro-me vagamente deste homem, com aspecto gorduroso, a falar com a minha mãe, à porta de casa; desses meus amigos estrangeiros já nem me lembrava…
Mas fica a questão: como é possível perderem assim tempo a investigar, ler e traduzir cartas longas de uma garota de 12 anos, sem qualquer actividade política na altura? Pode haver como «explicação» o facto de o meu nome de família ser conhecido nos meios oposicionistas: o meu tio-avô, republicano histórico e o meu primo Rui Cabeçadas, então dirigente da Frente Patriótica de Libertação Nacional, sediada em Argel. Mas não deixa de ser perturbante esta questão: que quantidade enorme de informadores não seriam precisos para que tal acontecesse?
Neste primeiro processo, para além da fotografia, destas cartas distantes, deste relatório quase anedótico, do meu número de inscrição no Cine Clube Universtário de Lisboa «organização subversiva dominada por comunistas», da prisão na Cantina Universitária em 1965, está a denúncia de pertencer ao PCP pelo controleiro do sector estudantil da altura, passado para a PIDE, e que provocou a prisão em massa de estudantes. Nada que me causasse grande abalo, a não ser a fotografia, que me irritou sobretudo pelo meu sorriso tão alegre, jovem e confiante nas mãos daqueles seres repugnantes. Se eu estivesse com um ar duro acho que não teria ficado tão zangada.
Julguei que era tudo, e quando fui entregar o processo perguntaram-me se não queria ver os outros. Disse que sim, e chegaram então mais três grossos volumes. Explicaram-me que outros três volumes estavam desaparecidos/não localizáveis, mas classificados. Estes que posso consultar são os volumes que correspondem aos anos do exílio, e que se estendem dos meus 17 aos meus 27 anos e é aqui que surgem as cartas aos/dos meus familiares, amigos, namorados. Constato então que ao longo de dez anos a minha vida íntima, assim como a dos meus familiares e amigos, foi devassada de forma totalmente despudorada. Há em muitas destas cartas comentários obscenos feitos à margem pelos pides (ex.«esta gaja é do tipo galdério», a propósito de uma certa rapariga), setas com os números dos processos na PIDE das pessoas referenciadas, algumas com múltiplas setas correspondentes a múltiplos processos, e as que não tinham processo aberto passavam a tê-lo pelo simples facto de serem nomeadas: «Abra-se processo» era a ordem expressa na seta correspondente, já com o novo número atribuído.
Algumas destas cartas são as originais, o que significa que nunca as recebi ou nunca foram recebidas pelos seus destinatários; outras eram fotocópias de cartas que seguiram o seu destino depois de lidas pelos pides ou que estarão incluídas noutros processos, outras cartas ainda estão escritas à máquina, o que me deixou intrigada: porquê perder tempo a escrever estas cartas à máquina, tão longas, com tantas páginas? Sairiam as fotocópias mais caras do que pagar a dactilógrafos/as que as decifrem? Mais uma vez se põe a questão inquietante da imensidade de colaboradores necessariamente envolvidos nestas actividades pidescas. É o caso da carta, que nunca recebi, de uma das minhas grandes amigas, em que que ela me fala apaixonadamente da sua descoberta do amor; é uma carta muito bela, intensa e luminosa, daquelas que só se escrevem quando se tem 18 anos…Os comentários abjectos dos pides causam-me náuseas. Faço uma fotocópia da carta e pergunto à minha amiga porque é que me tinha escrito à máquina. Ela ficou muito admirada: «nunca te escrevi nenhuma carta à máquina; de facto, estranhei nunca me teres respondido a esta carta, mas pensei que estavas ocupada com outras coisas, que tinhas mais em que pensar…» assim se criavam mal-entendidos, falhas de comunicação, quando não mesmo rupturas afectivas com consequências irreparáveis e dramáticas.
Eu estava preparada psicologicamente (penso) para ler dados relativos a denúncias, interrogatórios, etc. Mas não estava, de modo algum, preparada para esta devassa despudorada da minha intimidade e da dos meus familiares, amigos, namorados…Era uma época em que se escreviam longas cartas – é bom recordar que não havia telemóveis nem internet – telefonar e/ou viajar era caro e pouco acessível – a solidão do exílio exacerbava a necessidade de comunicação à distância com os amigos e a família. Evitávamos falar de política nas cartas, claro, pois sabíamos que a correspondência era vigiada, mas sobre os afecto e os sentimentos escrevíamos sem restrições, para não perdermos as raízes e não nos perdermos a nós próprios – era uma necessidade vital.
Ver assim expostos aos olhares dos pides os sonhos, amores, frustrações e angústias das pessoas que me eram mais queridas, algumas das quais já desaparecidas, causou-me um mal-estar profundo e uma indignação que ainda hoje sinto dificuldade em dominar. Senti-me roubada, violentada no que de mais íntimo e secreto havia em mim.
O que constava nos processos, para além das cartas pessoais, incomodou-me menos: relatórios de pides belgas, redigidos em francês, denunciando as actividades anti-fascistas de portugueses exilados na Bélgica, um relatório da Interpol…sugestivo da ligação (inquietante) entre as polícias internacionais e a PIDE; outras pequenas/grandes denúncias que não me surpreenderam verdadeiramente.
Ao entregar os processos à funcionária da Torre do Tombo perguntei-lhe porque tinha sido necessário esperar oito meses para os poder consultar. «Porque tivemos que fazer o expurgo», foi a resposta. «O que é isso?» perguntei. «É tapar os nomes dos informadores». «Mas com que objectivo?» indaguei, «Porque tem de ser» foi a resposta burocrática. Fiquei atónita e ainda mais revoltada. Porquê esta protecção aos denunciantes? Imagino que para «proteger» a podre paz social em que vivemos.
Quando, finalmente, saí para o ar livre, tinha a sensação de que se me colara à pele algo de viscoso e repugnante. Passei pela Biblioteca Nacional e vi que estava lá uma exposição sobre a vida do humanista Damião de Góis. Entrei e confrontei-me com o seu processo da inquisição e com os interrogatórios que lhe foram feitos: a linguagem dos inquisidores é semelhante à dos pides, as acusações são idênticas, o espírito é o mesmo. Constato a perturbante continuidade de uma História que, em Portugal, ao longo dos séculos, se foi fazendo recorrendo à tortura, à denúncia, à prisão arbitrária e à humilhação sistemática. Tento consolar-me com a convicção de que também se fez com a resistência daqueles que conseguiram, nestes períodos sombrios, ter a coragem de dizer não à violência e à barbárie”.

odores enebriantes

Dantes não tinha este problema, mas agora tenho: será que a minha casa cheira a xixi de gata?
É que convenhamos... A casa já cheirava a tabaco e sei que isso incomodava seres mais sensiveis, mas será que agora...?
Imagine-se convidar amigos para jantar. Entrarem e zás! A primeira coisa, o primeiro impacto...o cheiro a xixi de gata! Está tudo estragado!
Pensei nisto, pensei, pensei. Lavo e desinfecto e mudo o areão a toda a hora, porém...E se quero trazer alguém especial cá a casa? E se o meu quarto é invadido por cheiro de xixi de gata?
Bom! Comprei uns ambientadores. Daqueles gelatinosos. Espalhei um por cada divisão. Mas atão! Não consigo dormir a folga no sofá da sala por "mode" o cheiro da brisa do mar. Não consigo estar na cozinha por "mode" o cheiro a pinheiro verde e por aí adiante. Anda por aqui uma mistela que me dá dores de cabeça. Cheiros artificiais. Tipo DDT. Horríveis. E tanto que eu gosto da minha gatinha mijalosa!!
NOTA: Ninguém acusou ainda cheiro nenhum. Será da minha cabecinha?
É que às vezes...

sábado, 28 de agosto de 2010

corações de pedra que amolecem em agosto

sem querer ontem lembrei-me de ti. andava a limpar a caixa do gmail e encontrei um correio trocado entre nós em 2007. abri o documento anexo e sorri. achei graça a uma certa ingenuidade lá impressa. na conclusão escrevias como se do mundo das mulheres se tratasse. ou de outra coisa igualmente bela e nós sabemos, o trabalho discorria acerca de uma rocha. tem a sua graça...convenhamos.
depois...sabes como dizem que são as cerejas, as conversas, os copos de vinho tinto e os pensamentos?... sucedem-se uns nos outros imparáveis sem que tenhamos mão neles. e lembrei-me de como em 2007, há três anos atrás, éramos - em alusão ao teu tabalho - ainda rochas por lapidar.
cresceste tanto! cresci tanto! crescemos tanto! não foi?
não somos os mesmos de outrora.
comigo aqueles revezes na vida. em 2007. no verão quente. agosto. tudo junto. ao mesmo tempo. o desemprego, as partidas, as tuas hesitações.
contigo também. em 2007. no verão quente. agosto. a calma que se impunha num aspecto. a urgência que ditavam os outros: agir. depois do luto agir: o teu carro, a tua casa, o teu curso, a tua militância, o teu futuro, o futuro da tua filha.
ainda assim um ano inteiro a tentar conciliar as prioridades de um com as de outro e a distância interposta no caminho.
eu a querer-te a tempo inteiro, tu a quereres-me a tempo parcial. (e agora até já me elogiam a serenidade!).
um agosto depois fins formais e não reais. fins fingidos por mim. fins ditados por mim. e desditados. e reincidências. e quebras. e insistências. até, pelo menos, ao dia da liberdade. nossa e de todos. um dia bonito para se começar coisas e não para findá-las. o dia em que começámos o adeus para sempre.
agora o importane é que já nada disso importa e que está porventura no esquecimento dos dois e sei, retiro, guardo, reclamo para mim que te vi crescer e que me vi crescer: emocionalmente, afectivamente. e muito.
e posso concluir como tu, em 2007, há três anos atrás, no trabalho de geologia "Esta relação serviu, essencialmente, para aprofundarmos os nossos conhecimentos e obtermos uma visão mais alargada sobre este mundo dos afectos e das emoções, que cada vez mais, se mostra de um interesse acutilante."

(engraçado isto!)

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Hoje

Depois de tantos anos a caminho dos supermercados e de tanto os arrematar, hoje decidi registar-me on-line no Jumbo. Recebi de imediato um mail muito simpático e comecei a encher o meu carrinho virtual. Divididos por secções, os produtos apresentam os preços do lado direito do écrã e aí vai surgindo também a soma das compras. A seguir escolhemos a forma de pagamento e a hora de entrega em casinha. Tudo sem padecer e apenas por seis euros o serviço. Em bom!

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

escuta

escuta... aí onde tu estás não há nada. está-se mesmo a ver nem um supermercado tão pouco. por isso, escuta tenho que te dizer (os blogues não servem para mandar recados, mas vá é só desta...). ai onde tu estás por acaso há ligação à internet, mas não aquilo que eu vi ontem, e anteontem, e por aí atrás adiante. é só para ficares a saber que dou vivas ao comunismo que vive numa economia de mercado e que tu quando chegares também vais dar. entendes?

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A fêmea que há em mim está escondida noutro blogue bem mais erótico, provocante, provocador, sensual e até pornográfico, entretanto ficaram com este

...meu lado mais irreverente, politizado, contestatário, lutador, persistente e insistente e até mesmo naiff há já dois anos. Txiii!!!
Pois! É que o meu blogue completa 2 anos de existência.
E sabem? Eu gosto do meu blogue.
Entretenho-me com ele.
Sei que algumas pessoas também se entretém com o Eufêmea.
Às vezes escrevo nele coisas engraçadas, outras vezes coisas triviais, outras ainda não escrevo nada. E outras vezes escrevo coisas sérias. Mesmo sérias.
Dessas partes a maioria não gosta. Eu sei, mas não me importo.
Como, por exemplo, quando escrevi que o anterior executivo de Beja tinha que mudar e quando acrescentei que estava contente com a mudança. E expectante.
Ou quando apregou bons princípios éticos e deontológicos no jornalismo, disciplina da minha paixão.
Ai as pessoas (algumas pessoas) zangam-se. E atacam-me. E agridem. E querem descobrir podres e mandar em cara. Estrategiazinhas de quem não tem argumentos.
Não é muitas vezes, mas algumas vezes. Ainda bem.
O meu blogue é cada vez mais meu e cada vez menos da cidade. Como eu, aliás.
Vamos ver para onde caminhamos. Ambos os dois como diria o outro.
Durante algum tempo escondi a minha identidade. (e já expliquei em parte lá no título). Agora já não. Houve quem pesquisasse para chegar até mim. Houve quem tivesse conseguido, houve quem se tivesse bufado e há - e muito bem - quem não queira saber disso para nada.
Eu também não quero! Quem sou eu que há dois anos escrevo para vocês?
Perguntar isso é tão rídiculo como querer saber quem sois vós.
E eu não quero!
Margarida

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Eu amo você. Eu amo você. Eu amo você. Eu amo você. Eu amo você. Eu amo você.Eu amo você.Eu amo você. Eu amo você. Eu amo você. Eu amo você. Eu amo você. Eu amo você.

Telefonar e dizer: Eu amo você.
Enviar um sms e escrever: Eu amo você.
Sentar-me no café e virar-me para o garçon: Eu amo você.
Chegar ao escritório, sorrir para o chefe e acrescentar: Eu amo você.
Encontrar a vizinha do lado e sussurrar-lhe ao ouvido: Eu amo você.
Apertar a minha Bia e soletrar-lhe: Eu a-mo vo-cê.
Expedir um e-mail carregado de: Eu amo você.
Chatearem-se comigo numa fila e eu rematar: Eu amo você.
Ir às finanças pagar uma multa e agradecer com: Eu amo você.

É que sabe? Eu amo você. Eu amo você. Eu amo você. Eu amo você.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

o 5.º poder

Um telefonemazinho para a secretária que dá um toquezinho ao doutor que arranja um espaçinho para a radiografia;
Um cafezinho com um amigo do amigo que trabalha no hospital e arranja uma vaga especial;
Um contacto com um conhecido que diz se ele estava no café ou não, se bebeu vinho tinto ou cerveja;
Uma volta de carro pela zona com uma amiga que conhece outra que conhece aquela e sabe ver se ela tem o carro à porta de casa ou se anda dando ao escalho;
Um recado da Cristina, que manda falar com a Maria, que encaminha pró Caixote, que diz à mulher para marcar atendimento com o Xico, blá, blá, blá...

Tudo por fora do sistema. Tudo por entre o meio, enrroscado, enrrolado, na pedincha, no faz favor, no obrigado. Em troca umas garrafas de vinho, uns bolinhos pelo Natal, outros pela Páscoa, umas florinhas. E a anuência de quem trabalha nos serviços? Que alimenta isso, que gosta disso, que sente ter poder por isso, que deixa passar à frente, que ignora as filas de espera, que favorece.

Em vez de irem em frente, directos ao assunto, através de-mail's, faxes...Não! Recadinhos, diz que mandei dizer que fulano me pediu para... aquela filha do não sei quantos e da dona não sei quê que trabalha ali que tem uma casa assim que pode um dia a gente precisar não se sabe.

Dizem que há três poderes. Outros mais ousados quatro: a comunicação social. E eu cinco. Pelo menos em Beja. O poder do enleizinho para conseguir qualquer coisa pró coisinho.

e a natureza das scrofas

Esta é a história de uma scrofa com várias tetas. Uma scrofa tetuda. Mamalhuda. Uma scrofa da fome que dá em fartura. Gorda que só visto. Banhuda. Banhenta. Uma scrofa a quem tudo chupam mas que também engorda à conta, embora sem fins lucrativos. Usurpadora. Chula. Vampirinha. Suga suga.

A scrofa em questão vive de dinheirinhos que lhe atiram em tranches e ela chaforda com o focinho no chão. Há muitas por aí. Necessárias, mas não forçosamente de engorda.

A scrofa cria postos de trabalho. Emprego. Dá, por isso, também de comer a muita gente o que nos dias que correm é bom, muito bom. Nem sempre com os direitos mais elementares garantidos, é certo, mas que importa isso hoje em dia?

A scrofa tem, portanto, filhinhos à mama. No entanto, é ela própria também uma garganeira, comilona para se encher até arrotar.

A scrofa tem um cartão da Repsol que dá para viagens e viagens e viagens e viagens. Outro da Brisa que dá para portagens e portagens e portagens. Tem outro que dá para almoços e almoços e almoços. E coincidência serve também para jantares e jantares e jantares. Ao mesmo tempo que para viagens ao estrangeiro, alojamento em hotéis, enfim.

A scrofa banhuda e bedunhenta dispensa o patrão de ter telemóvel e portátil e carro próprio e de pagar inspecções e revisões e manutenções. E às vezes empresta televisores e aquecedores e computadores e telemóveis aos parentes a quem paga avenças também.

A scrofa considera os subsídios de férias e de natal uma aberração e é mais papista que o Papa. Prefere pagar as contas a outrém antes mesmo de pagar aos filhinhos. Assim sendo, é uma mãe desnaturada.

Se esta scrofa fosse uma empresa privada eu não me admirava nada.

Mas não! Esta bacorita, marrã é uma associação...e quando me contaram isto eu só tive vontade de a mandar para a pocilga do homem gnomo!

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Alentejo das minhas vacances

no princípio o almoço. ficou-me do início das férias um almoço no vegetariano com chá frio de gengibre e uma história de vida dura, sofrida, consistente e a expectativa de um outro com fotografias para trocarmos. às vezes escondemo-nos muito uns dos outros e nem sabemos porquê.
depois uma festa de aniversário divertida. de uns quantos anos já somados. um neto a cantar com microfone a letra mais querida do mundo, o outro a tocar os parabéns ao piano.
a seguir o impensável: ir à la campagne quando todos fogem de lá. dos quarenta graus. transformar a canícula em ares de SPA e aproveitar o que de melhor temos para dar uns aos outros: companhia, paz de espírito, jantares no quintal e mimos sob a forma de manicures, pedicures, depilações, limpezas de pele. aproveitar o fresco da noite e o deserto da cidade e beber uns cafézinhos com uma amiga, uns copos de tinto com outro e uns almoços a sós com outra. é verdade que às vezes o tempo faz com que nos escondamos muito uns dos outros sem sabermos nem porquê. quem me dera que ele fizesse deles seres mais capacitados para ouvir e escutar, mas ainda assim...
entretanto um projecto não realizado por receios de outros que temem por mim e anteciparam que eu pudesse vir a ter alguma "fraqueza". de espírito, alma, coração...entenda-se.
refúgio num pinhal. com a cama rente ao chão. a brisa fresca da noite. a piscina ao virar da esquina e a praia ao virar do alcatrão.
a minha Bia primeiro com o "tio" mais velho, depois com os "avós," chegou-me mais selvagem de habituada que estava já aos quintais, mais desconfiada. não relaxa, não se vira toda quando a afago, não ronrona, está entroncada e grande, mas sei que com umas dosezinhas de meiguice volta a ser como dantes. é só uma questão de tempo.
ficam guardados os pormenores. os segredos. os planos pendentes para as próximas.
FÉRIAS, claro está!