sábado, 28 de agosto de 2010

corações de pedra que amolecem em agosto

sem querer ontem lembrei-me de ti. andava a limpar a caixa do gmail e encontrei um correio trocado entre nós em 2007. abri o documento anexo e sorri. achei graça a uma certa ingenuidade lá impressa. na conclusão escrevias como se do mundo das mulheres se tratasse. ou de outra coisa igualmente bela e nós sabemos, o trabalho discorria acerca de uma rocha. tem a sua graça...convenhamos.
depois...sabes como dizem que são as cerejas, as conversas, os copos de vinho tinto e os pensamentos?... sucedem-se uns nos outros imparáveis sem que tenhamos mão neles. e lembrei-me de como em 2007, há três anos atrás, éramos - em alusão ao teu tabalho - ainda rochas por lapidar.
cresceste tanto! cresci tanto! crescemos tanto! não foi?
não somos os mesmos de outrora.
comigo aqueles revezes na vida. em 2007. no verão quente. agosto. tudo junto. ao mesmo tempo. o desemprego, as partidas, as tuas hesitações.
contigo também. em 2007. no verão quente. agosto. a calma que se impunha num aspecto. a urgência que ditavam os outros: agir. depois do luto agir: o teu carro, a tua casa, o teu curso, a tua militância, o teu futuro, o futuro da tua filha.
ainda assim um ano inteiro a tentar conciliar as prioridades de um com as de outro e a distância interposta no caminho.
eu a querer-te a tempo inteiro, tu a quereres-me a tempo parcial. (e agora até já me elogiam a serenidade!).
um agosto depois fins formais e não reais. fins fingidos por mim. fins ditados por mim. e desditados. e reincidências. e quebras. e insistências. até, pelo menos, ao dia da liberdade. nossa e de todos. um dia bonito para se começar coisas e não para findá-las. o dia em que começámos o adeus para sempre.
agora o importane é que já nada disso importa e que está porventura no esquecimento dos dois e sei, retiro, guardo, reclamo para mim que te vi crescer e que me vi crescer: emocionalmente, afectivamente. e muito.
e posso concluir como tu, em 2007, há três anos atrás, no trabalho de geologia "Esta relação serviu, essencialmente, para aprofundarmos os nossos conhecimentos e obtermos uma visão mais alargada sobre este mundo dos afectos e das emoções, que cada vez mais, se mostra de um interesse acutilante."

(engraçado isto!)

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