quarta-feira, 24 de novembro de 2010

GREVE PARCIAL

portugal é piquinito, piquinito, piquinito, piquinito, piquinito, pi, pi, pi.

o país é encolhidinho, fechadinho, paradinho, acéfalozinho, neutrozinho.

na escola da Santa Casa da Misericódia de Faro onde trabalham várias centenas de pessoas a minha irmã foi a única que fez greve. ameaçaram descontar-lhe os 3 dias a que tem direito por assiduidade, depois desceram apenas para um e a seguir disseram que lhe marcariam falta. as colegas não se indignaram, não se revoltaram, não se solidarizaram.


portugal é piquinito, piquinito, piquinito, piquinito, piquinito, pi, pi, pi.

o país é encolhidinho, fechadinho, paradinho, acéfalozinho, neutrozinho.

no meu local de trabalho fui também a única, mas aí não admira: somos só três! um é o patrão e deve ter ficado muito contente com o corte que o ministério da cultura fez dos 23% nos apoios às artes, a outra é a serva da gleba que quer é manter o posto de trabalho seja a que preço for.
enviei vários mail's de apelo à greve e à participação no "ajuntamento" popular no Jardim, em Faro.
recebi subscrições do documento, mas apenas duas presenças. outros houve que me devolveram os mail's com justificações do género "se eu fizer greve prejudico a minha empresa, logo prejudico-me a mim, portanto não farei".

o país é aquilo tudo que já acima se disse mas é muito mais do que isso: é um país de medrosos e de medricas!!


as pessoas têm MEDO. parece que viveram todos no tempo do fascismo e não é verdade! a minha geração não viveu! aliás, se tivesse vivido teria ainda mais uma razão para não se agachar.
é isso! a palavra é agachar e - o meu pai sempre me disse - a gente nunca se agacha muito se não vêem-nos as cuecas!


...se bem que...enfim...de certa forma eu compreendo, eu tolero, eu dou-lhes razão: é que somos todos tão mal pagos que é preciso ser-se muito corajoso para prescindir do dinheiro que nos sacam do ordenado. é só pensando nisto que fico consolada.


mas ainda assim...

4 comentários:

Bruno Filipe Pires disse...

Podes citar-me à vontade, eu assumo tudo o que disse.

Mas olha, eu não sou medricas nem muito menos merdoso, nem pequenino, como dizes.

Fico triste com este insulto, porque sempre te ofereci a tua minha amizade e partilhei todas as minhas ideias e opiniões contigo com sinceridade.

Lamento que ainda não saibas o que é lutar por algo em que se acredita.

Já agora, não é que tenha grande interesse mas aqui fica para os leitores do teu blog o que realmente eu te escrevi:

Querida Margarida,
Lamento não ter respondido ao teu e-mail mais cedo.
Em relação à greve, eu não vou fazer, porque estaria a prejudicar a empresa para a qual trabalho, que já está em sérias dificuldades, e portanto, sob pena de me prejudicar a mim próprio e aos meus.
Estou solidário 100 por cento com a greve.
Já agora, acabo de receber a posição oficial do sindicato dos jornalistas, que coloco à tua disposição, pois penso que será do teu melhor interesse.
Bjs,
Bruno

date22 November 2010 15:17
subjectFwd: Normas e Esclarecimentos sobre a Greve Geral
mailed-bygmail.com

Unknown disse...

É muito triste que a única coisa que tenhas para dizer de mim, que não me lembro de te tratar mal ou com desrespeito nos 3 anos em que trabalhei contigo, seja chamares-me “serva da gleba” no teu blogue. Só falta dizeres que durmo com o patrão para receber o ordenado.
Não sabes nada da vida dos outros, mas não hesitas em julgá-los pela tua bitola e tirares conclusões completamente erradas. Parece-me que isto é o que é realmente ser “piquinino” e ser “merdoso”.
Não tenho palavras para expressar a minha desilusão face à tua falta de consideração e mesmo de educação.
Aproveito para te dizer que não foste a única no teu local de trabalho que fez greve, mas não vale a pena, já que já sabes tudo sobre tudo, menos sobre a vida, pelos vistos.
Já agora, se és uma pessoa tão superior em relação a todos os “merdosos” que te rodeiam, podias ter aproveitado para dizer frontalmente o que realmente pensas de mim, em vez de me pedires para te telefonar caso precise de alguma coisa, ou mesmo que não precise de nada, com falsas intenções de ajuda… até arrepia pensar! Mas já percebi que a escrever tens muito mais facilidade em ser honesta e mostrar-te como verdadeiramente és.
Pronto… coitada… de ti!

Anónimo disse...

Olha-me este, "100 por cento com a greve" mas não faz porque "estaria a prejudicar a empresa para a qual trabalho que já esta em sérias dificuldades e portanto,sob pena de me prejudicar a mim própio e aos meus". Não será esta a situação da maioria das empresas portuguesas? E no entanto a greve fez-se. A isto se chama consciência politica.Neste caso a greve não era contra os patrões das pequenas e médias empresas, era contra o sistema que deixou que chegassemos a este ponto. A sua posição é de contra a greve, porque quem esta a favor 100 por cento só tem de a fazer. Isso é difícil, mas a própia vida não é ela difícil? Muito mais dificil será, se não houver solidariedade.
Amigo tem de rever as suas posições! António Aleixo

be(i)ja disse...

Atenção a todos: os senhores que aqui se expressam são nada mais, nada menos que marido e mulher. Ela minha colega, ele meu conhecido e amigo. Ambos, pelos vistos, ofendidos.

Como devem calcular o post que escrevi não se dirigia a eles, não era sobre eles, era sobre uma realidade chocante que assola o pais: a da menoridade, a da pequenez, a da incapacidade que os portugueses têm de lutar pelos mais elementares direitos e também, já agora, a de fazer cumprir os mais elementares deveres.

Efectivamente citei o que o Bruno me escreveu (e que ele agora reforçou), mas infelizmente não foi ele o único a dizê-lo, porquanto não mencionei o nome do mesmo.

É verdade que acredito que os portugueses são pequenos, mas também é verdade que os compreendo: ganham mal.

Nunca jamais em tempo algum lhes chamaria merdosos, como, aliás, não chamei.
Não confundam as coisas.

Quanto à Ana...bem não vou entrar em pormenores aqui. Não seria bonito, nem educado, nem ético. mas sim é uma serva da gleba. Todos o somos, ou não?
Não somos senão uns escravos. Dos outros e de nós próprios, às vezes. Tudo depende dos padrões de comparação que temos e das experiências também. Se eu toda a vida tivesse servido às mesas e hoje tivesse uma cadeira, uma secretária, um computador e uma relação privelgiada com o patrão, se calhar também pensava duas vezes antes de contestar.

Não se confundam. Assumam as vossas posições.
Quer fazer greve faz greve.
Não quer fazer greve não faz greve!

Somos todos crescidinhos e há, aliás, outra forma ainda mais nobre de a fazer sem passar apenas por dizer "sou solidário".
É - dadas as preocupações que nos assolam - ir trabalhar e dizer ao patrao "desconte-me do ordenado, faço como se eu não estivesse cá".

Isso é que é de valor!
Mas cada qual é livre. Assim como eu sou livre de fazer as minhas interpretações.

E já agora Ana...eu depois escrevo-te um mail e, entretanto - reitero - se precisares de alguma coisa telefona.

Eu não tenho que dizer-te o que penso de ti 1) porque não me interessa, 2) porque não tem interesse, 3) porque não perguntaste.

Como, aliás, também não quer saber o que pensas de mim.

Não se fala aqui de honestidade ou falta dela. No caso da Ana fala-se de trabalho e isso eu não admito que venhas para aqui comentar, se faz favor. Se eu o fizer relativamente a ti não vais gostar certamente.

Não se abespinhem porque o meu contrato não foi renovado e eu pus baixa até ao final do mesmo. Não basta já não terem feito greve senão ainda virem tomar as dores do patrão!?

Bolas que confusão!
MJ