terça-feira, 23 de novembro de 2010

a polítca, apolitica

todas as quartas-feiras faço a revolução!
todas as quartas pr'ái das 21h às 24h faço a revolução e a seguir vou para o Mactostas comer tostas (está bom de ver!) ou esperar que a padaria abra para comer croissants com chocolate!
todas as quartas-feiras e não só!
isso seria demasiado redutor.
penso, aliás, que desde há alguns anos a esta parte, se quisermos situar-nos melhor, desde pr'ái os meus 20 anos, que vou fazendo umas revoluçõezinhas.
muitos começam nessas lides bem bem antes, mas não acredito - sinceramente - que saibam ao que vão com 13, 14 e 15 anos. não lhes chamaria politizados, antes instrumentalizados, mas enfim...conheço alguns que se orgulham de erguer bandeiras, pintar graffittis, berrar nas ruas e distribuirem folhetos sem saberem ainda o que era o marxismo.
nunca fui instruída nesse sentido, porém a política nunca esteve ausente lá de casa. não a política no sentido partidarizado do termo, mas sim a política dos países, dos governos, dos presidentes da república, das causas, das medidas. estava presente nos telejornais, nos jornais, nas jornadas de luta, nas tomadas de posições, na transmissão dos valores como a verdade, a justiça, a igualdade, a defesa dos direitos fundamentais, a obrigação do cumprimento dos deveres.
por essas e por outras fui criando a minha própria consciência política. um tanto ao quanto tardia comentava o meu pai com um amigo, mas pudera ele dessertou com 17 anos e viveu durante o fascismo e - efectivamente - mudam-se os tempos, mudam-se as necessidades.
o que na realidade me fez despertar para os problemas do domínio social, o que me fez ver de forma mais ampla, o que me obrigou a olhar para os lados, a sentir os outros e os seus problemas na sua real dimensão, foi o facto de ter começado a trabalhar. o trabalho é, sem dúvida, a grande mudança interior que ocorre dentro de nós (depois das mudanças hormonais da adolescência eh, eh). trabalhar dignifica-nos, eleva-nos, altera-nos, conscencializa-nos, transforma-nos, metamorfoseia-nos.
daí que eu diga que foi à partir dessa altura que começei a fazer as minhas revoluçõezinhas: dizer que não à 1.ª entidade patronal que te enquadra um ano a recibos verdes, outro a contrato e a seguir te propõe que voltes aos recibos verdes; recusar-me na 2.ª entidade patronal a escrever sobre determinados assuntos; não dizer nada à 3.ª, mas "meter" a 4.ª em tribunal por falta de pagamento de salários e de pagamento da segurança social; antecipar-me e sair da 5.ª por razões de avaliação de uma gestão danosa e politcamente incorrecta; sair sorrateiramente da 6.ª por já não ter mais trabalho para mim e... vamos ver nesta 7.ª fazer o quê face a dois anos de recibos verdes e um de contrato com não renovação à vista.
ser-se polítco também é isto! é tomar posições, é apoiar causas, é manifestar-se na rua, é denunciar injustiças, é ser capaz de dizer não, é ir para os jornais. ser-se revolucionário também é isto....
... de modos que às quartas-feiras faço a revolução, mas as quintas, sextas, sábados, domingos, segunda, terças e feriados também estou atenta.

6 comentários:

anademar disse...

PIM!

be(i)ja disse...

chéri - PIM! PIM! PIIIIIIIMMMM!

Camolas disse...

Não me interpretes mal, mas quando tiveres oportunidade lê o "Direito à preguiça"

be(i)ja disse...

Camolas - já li! e o que é que o cu tem que ver com as calças?

Camolas disse...

O facto de estares a santificar o trabalho .

be(i)ja disse...

Ah! Mas eu adoro trabalhar. Eu não vivo sem trabalho, né?
Além do mais, Camolas, não sei fazer mais nada e só sinto os momentos de lazer porque, entre eles, há trabalho, não é? Caso contrário era tudo uma imensa chatice!