domingo, 21 de novembro de 2010

perguntadeiriti compulsiviti cusquite

não posso vir aqui malhar nos que falam muito e não se interessam por nós e, ao mesmo tempo, malhar nos outros que constantemente nos perguntam isto e aquilo.
uma pessoa não pode querer uma coisa e o seu contrário.
mas...
posto isto, esta verdade insofismável do senso comum, é preciso acrescentar outra.
e a outra é: o que é demais também não presta.
assim, o que me tráz aqui hoje é aquela espécie de pessoa sobejamente conhecida que se situa entre o interessado, o interesseiro, o disfarçado de atencioso e vá - para dizer a verdade - O CUSCO!
o que move esta espécieme, de nome científico perguntadeiriti compulsiviti cusquite, é a mais pura das curiosidades e nunca, mas nunca a preocupação. é a pura das curiosidades a roçar a ansiedade, a aflição, um certo ar de sonsice e a sensação de perda de controle.
senão vejamos:
Ela - "estás bonita hoje"
Eu - "obrigada"
Ela - "nunca te vi com esse vestinho. não é novo, não?"
Eu - "é"
Ela - "pois! nunca te vi com ele. não compraste há muito tempo?"
Eu - (já em ares de porrinha e em jeitos monossilábicos) - "não"
Ela - "está tão na moda, compraste em Beja?"
Eu - "não" (já em jeitos de sabe-se Deus!)
Ela - "ah! é que podia ter sido no fim-de-semana, então foi em Lisboa?"
Eu - "não"
Ela - "não me vais dizer que to ofereceram!"
Eu - "sim"
Ela - "ah! e não dizias nada. foi o teu pai?"
Eu - "não"
Ela - "já sei. foi ............................................ e por aqui adiante até saber quem de facto tinha sido, quando, onde o havia comprado, quanto havia custado, se porventura o teria experimentado, etecetera, etecetera, etecetera".
há pessoinhas assim! garanto-vos que há pessoinha assim. pessoinha chata, moideira, excessiva, desconhecedora do limite e até da boa educação, intrusiva como a merda, puffff.
há pessoinhas que querem tanto, mas tanto, tanto, tanto saber do alheio que não vêem que quisemos ir ao café sozinhas para fumarmos aquele cigarrinho da paz, não vêem que gostamos de ir à hora de almoço lamber montras para inventar um pouco, não vêem que estamos a fazer cálculos no excel ou que queremos escrever um texto com princípio, meio e fim, não vêem que não queremos responder, não vêem que não queremos saber e que não queremos que elas saibam, não vêem que tínhamos uma avô castradora que nos obrigou ao silêncio, avó esta que ao perguntarmos "mas para que é isto?", mas o que é aquilo", "então e isto aqui", nos respondia muito pedagogicamente "É PARA POR NO CU DOS PERGUNTADORES!"
não vêem que, em alternativa, para as pessoinhas em questão, há outra boa respostinha, desta feita não da avó, mas duma terra muito, muito alentejana e que remata qualquer diálogo destas espéciemes com uma lapidar perguntinha também: "A SUA VIDINHA NÃO LHE CHEGA?"
Ah! Se eu gostava de conseguir aventar-lhes ou com uma ou com outra
(mas não consigo. nem quando estou prestes a explodir. merda!)

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