sábado, 20 de novembro de 2010

Irène

A memória de uma história de amor, quarenta anos depois do desaparecimento da amada [memória da sua mulher Irène Tunc, uma ex-Miss França, com a qual tinha uma relação complicada e que morreu subitamente, em Janeiro de 1972, num acidente de automóvel], através da leitura de um diário construído pelo próprio realizador. Íntimo e Tocante. O diário de Alain Cavalier congrega uma ausência, que vive de fantasmas – o fantasma de Irène, naturalmente, mas também o fantasma do jovem “cavalier” dos anos 70.
Mais do que nunca, Irène mostra que o cinema é a arte dos espectros, na sua essência e oferece a possibilidade de fazer reaparecer qualquer um dos mortos.
Este diário não é simplesmente um devaneio de notas redigidas rapidamente, mas um texto literário de onde se apoia a qualidade do filme. E depois há a voz do cineasta, uma voz emocionada, ligeiramente encoberta, cansada, que parece sussurrar ao nosso ouvido. Esta doçura murmurada contribui para fazer de IRÈNE uma espécie de confissão íntima, um filme que se assemelha mais às confidências de um amigo do que a entretenimento. E que transforma cada espectador em iniciador a quem se vai confidenciar um segredo. O segredo de que o amor ultrapassa a morte, sendo transfigurado pela criação. Ou como partilhar a mais íntima das histórias.
Auréliano Tonet, Les Inrockuptibles
Texto enviado pelo Cine-Clube de Faro para me fazer sentir que todas as verdadeiras histórias de amor tem algo de louco e doentio e que nisto de amar sem sentido não estou sozinha. Obrigada! Estava a precisar!

1 comentário:

anademar disse...

não sei bem para que abri os comentários. não tenho nada para te dizer. tenho um sorriso nos lábios.