quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

BEJA não se orgulha. Eu também não





















De madeira feitas, chão de terra batida, telhado de zinco: autênticas barracas. Era nelas que viviam. Foi nelas que viveram durante várias gerações.
Depois, filhos mais abonados foram erguendo em altura muros de pedra e azulejo, portas de alumínio e marquises, alpendres e quintais, casas de banho.
A autarquia e a junta de freguesia foram investindo no saneamento básico: água, electricidade, esgotos. As casas foram-se valorizando. Não para o mercado imobiliário, mas para quem nelas morava. E a própria vida dessas pessoas também. A pouco e pouco surgiram os arruamentos, depois os sinais de trânsito, a seguir mas muito, muito tarde os baldes do lixo. E ao mesmo tempo um sem número de infra-estruturas. Um centro de dia que presta apoio domiciliário e serviços de lavandaria. Uma creche, um jardim-de-infância e uma escola primária. A qualidade de vida aparentemente melhorou.
Mas será que foi mesmo assim? Será que as pessoas não prefeririam ter os seus filhos numa escola na cidade? Será que não prefeririam tê-los longe da lixeira de Beja que lhes era despejada à porta? Será que não estariam melhor se estivessem num outro bairro também na cidade? Longe da venda da droga? Longe das armas? Longe do café de Beja que mais cerveja vende?
Aquelas pessoas têm que ser disseminadas. Têm que sair dali. Têm que poder estudar noutra escola que não a de santa maria que é em si mesmo um prolongamento do seu problema. Têm que ser construídas casas de habitação social para aqueles agregados familiares. E não vale a pena virem com projectos de sensibilização anti droga como este que agora se lança denominado “abre a pestana”. O que interessa àquela gente é poder ver-se livre do estigma, da hostilização, do ostracismo a que estão desde sempre votadas. Integrar é a palavra-chave. Por isso, senhores, arranjem soluções e IMPLODAM o tão ironicamente chamado BAIRRO DA ESPERANÇA.

11 comentários:

Anónimo disse...

Mudam-se os tempos mudam-se as práticas. Há meio século havia a Conferencia de S. Vicente Paulo agora há estes projectos. Dantes dava-se uma senha para um kilo ou quartilho de arroz agora concebem-se alguns espaços...dar-se-à mais qualquer coisinha mas sobretudo dá-se dinheiro a ganhar aos intelectuais que só encontram trabalho nestes projectos, condenados à partida por isso mesmos, que é não terem absolutamente nenhum objectivo com a vantagem que ninguem avalia pois todos sabem à partida que não se pode avaliar aquilo que não é avaliavel.

Só politicamente se pode resolver este e outras situações de exclusão mas disso ninguem quer saber pois o indice de abstenção nestes territórios é alto.

Sugiro outro projecto; estudar os projectos de que o bairro da esperança já foi objecto e os resultados que se atingiram...pelo menos darão uns tempo de ocupação a mais uns recem licenciados ou a uns quantos mercenários de projectos (sem ofensa).

Uma palavra de apreço pela escola de Santa Maria que faz os impossíveis por aumentar o nível escolaer e educacional destas crianças...assim como a todos os que trabalham nos diversos projectos e nas diversas estruturas de apoio... RJ

Anónimo disse...

Alguem um dia disse-me, um bom profissional do estuque, um artista mesmo, vivi no Rio Escondido que, para quem não sabe se situava onde hoje está implamtado o bairro alemão que, claro esta foi demolido quando os alemães para cá vieram, daí fui viver com os meus pais para o Bairro da Esperança nessa altura de Carmo Velho. Ao fim de 30 anos consegui comprar uma casinha na cidade que remodelei mas infelizmente os meus filhos criaram-se naquele ambiente o que nem sempre foi muito bom para eles.
SAIR DO GUETTO È MESMO DIFICIL...AO

Camolas disse...

- Porque será que os bairros sociais têm sempre nomes tais como Esperança, Paz, Cristo Salvador e funcionam sempre ao contrário destas "virtudes".

Caninamente Fiel disse...

Tudo ficará solucionado com um campo relvado prometido pelo actual executivo PS para a junta de freguesia de santa maria, daqui a 4 anos vamos ver o que melhorou neste bairro.

Anónimo disse...

"Puder" lê-se pudér o que remete para futuro. O POder, presente do indicativo, leva Ó.


Quando se pensa que se sabe tudo...

be(i)ja disse...

Anónimo 1 - É verdade que esteve instalado no Carmo velho durante anos um tal GTL ou GAL, leia-se gabinete técnico local ou gabinete de acção local, munido de um elenco de luxo: licenciados em assistência social, arqueologia, arquitectura. Mas... na verdade, nunca se conheceu o resultado das suas acções e estudos. É uma pena. Talvez fosse, de facto, interessante reflectir sobre eles.

be(i)ja disse...

Anónimo 2 - Sair do guetto é que todos eles ambicionam. Tenho a certeza. Porém, politicamente ganha-se mais em tê-los "arrumados" a um canto. É menso perigoso...

be(i)ja disse...

Camolas - Já viste que incoerência?

be(i)ja disse...

Caninamente Fiel - Ai é? Não sabia! Já li o programa e não vi lá nada disso. E o que fazem às pessoas? Vou reler.

be(i)ja disse...

Anónimo 3 - Obrigada pela correcção. Poder é tal e qual como vai-te f_ _ _ _, não é isso? Com O.

João disse...

Ahahaha. Estou-me a rir do último comentário. Mai nada!