domingo, 30 de maio de 2010

EPBJC/CGTP

Quando terminou a manifestação apanhei o metro ali nos Restauradores rumo a Santa Apolónia.
Tinha que ir "apanhar" outra boleia desta vez de regresso a Beja. Às nove em ponto começava o jantar de comemoração dos 20 anos da Escola Profissional Bento de Jesus Caraça (EPBJC). Tinha pressa e tinha à minha frente algumas pessoas, entre as quais Carvalho da Silva. Nos centímetros e nos segundos que me separavam dele estavam presas palavras na garganta. Depois de ter gritado tanto e de ele também ter gritado tanto e para tantos eu tinha que lhe ter dito as palavras presas na garganta.
Carvalho, amigo, camarada, caralho estive cinco anos a dar aulas na EPBJC propriedade da CGTP. Como eu centenas de outros professores pelo país fora. Há vinte anos. Vinte anos. 20 anos. 20 anos. 20 anos. 20 anos. 20 anos. 20 anos. 20 anos. 20 anos. 20 anos. 20 anos. 20 anos. VIN-TE A-NOS. PÁ! E a recibos verdes, recibos verdes, recibos verdes, recibos verdes, recibos verdes, recibos verdes, recibos verdes, recibos verdes.
Carvalho, amigo, camarada, caralho como é que explicas isto a essa miuda pequena que está contigo que não sei se é tua filha se não, que não sei se ouviu o teu discurso se não? Mas que seguramente viu as trezentas mil pessoas descendo na tua direcção?
Era a sua vez, a máquina perguntou quantos bilhetes, para que zonas, pediu o dinheiro, engoliu o dinheiro, cuspiu o troco, cuspiu o bilhete, ele apanhou-o, passou à minha frente, passou a cancela e deixei de o ver.
Carvalho, amigo, camarada, caralho! Porque é que eu não consigo falar e só consigo escrever? Diz-me, Car(v)alho!

Sem comentários: