A notícia de 2010

Isto é uma notícia. O que contenho em mim é A notícia. Do ano. De 2009 e de 2010. De 2009 porque a soube no passado dia 30 de Novembro quando fechei o plano de actividades. Há dois dias, portanto. E de 2010 porque é a altura em que ela vai realmente entrar em prática.

Esta notícia por ser notícia devia ser dada com apitos e flautas, urros de alegria, vivas, saltinhos irritantes e eteceteras. Mas, convém contextualizar que ela não é para mim senão um "dejá vu".

Tenho 12 anitos de trabalho. Tenho trinta e quatro de idade. Feitas as contas comecei a trabalhar quando acabei o cursinho: aos vinte e dois. E sempre na precariedade. Numa primeira fase sempre na precariedade para numa segunda passar a contrato. Aconteceu assim na agência A, depois na revista B, a seguir na empresa C. E não aconteceu na escola E porque ela era propriedade de um sindicato, caso contrário teria acontecido também (piadinha). Agora - e esta é a notícia - acontece na associação D.

Serviu este preâmbulo para dizer que os contratos quando surgem já sabem a ... sabem a quê? Sabem a pão de ontem ou de anteontem.

As pessoas até podem olhar para nós e pensar que se trata do reconhecimento pelo nosso trabalho. E pensar também "quando tu és bom, mais cedo ou mais tarde valorizam-te celebrando um contrato" como me dizia um amigo meu já cota, mas ainda utópico. Não! Não é nada disso. E eu não tenho vergonha de dizer porque é que é. O contrato far-se-á porque nos candidatámos a projectos com apoios do QREN que obrigam a que exista contabilidade organizada e esta, por sua vez, obriga à contratação.

Se estou contente?

Eh! (encolho os ombros e quase que sorrio) Terei subsídio de férias, e de Natal e de refeição e seguro de acidentes de trabalho e protecção na saúde, far-me-ão a retenção de irs, deixarei de pagar segurança social e se for despedida terei direito ao subsídio de desemprego.

Sim, vendo bem são razões para estar contente.

...apesar das contradições que me assolam!!!!