lança teias e salva-me

Hoje foi dia de tiar! Tiar o dia inteiro. De manhã, ainda o sol brilhava, saltámos murinhos, encavalitámo-nos nas redes do parque, escondemo-nos atrás dos arbustos, pulámos por cima de poças e fomos deixando pegadas, rodámos vezes sem conta os postes e os pins que encontrámos no caminho. Ele era o Spider Man eu o Hulk, aquele que é "amigo, mas só dá murros e pontapés, mas não salva pessoas". E que também é verde. Ah! E que salta e cai no chão de pernas abertas.

A seguir fomos à cabeleireira. Primeiro sentou-se numa cadeira giratória, depois foi coberto por uma toalha presa com uma mola e depois ainda por um outro pano que o cobria todo. Não se viam pés nem mãos só a cabecinha. Portou-se lindamente enquanto o borrifavam e lhe cortavam o cabelo. Almocámos fora durante horas infinitas. Antes de nos sentármos partimos um copo, depois com o garfo a fazer de alavanca foi parar puré às botas de uma senhora que passava. O Ice Tea parecia ter um litro.

À vinda para casa uma molha e de tanto correr o super héroi pediu colo. Era ele, umas folhinhas que dizia serem as penas de um pássaro, o Elmer seu amigo de estimação, a mala, Ufa!

No quentinho cá de casa embrulhámos presentes. Eu dizia a medida do papel, ele cortava. Eu ajeitava, ele punha a fita-cola. Escampou e fomos entregar os ditos à educadora e às auxiliares. No caminho comprámos uns rebuçadinhos e regressámos a casa.

Tínhamos lápis de cor, de cera e canetas à escolha e pitámos, claro, o Spider Man. Montámos um autocarro da Brisa em cartolina, vimos filmes na internet, fizemos puzzles de esponja, enfim.

E finalmente depois de fingirmos que estávamos "morridos" e "descobridos" debaixo do lençol, entregou-se ao sono justo e eu vim aqui só contar-vos como gosto de ser tia.