quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Meu querido amigo...

...a sua flor... vai bem. Não sabe para onde, mas vai.
Parece-lhe que a regam todos os fins-de-tarde. Mas é apenas impressão. Diz ela que lhe nascem frutos e flores do seu tronco e dos seus braços porque sim. É-lhe agora primavera. Ou quando calha.
Apetece-lhe, a tonta, escrever histórias. Histórias inverosímeis. Daquelas com pessoas reais e acontecimentos hilariantes, do demo, do inacreditável e do fantástico. Mas sem lugares-comuns, sem frases feitas, sem banalidades que a todos ocorrem e que muitos não se envergonham de verter para o papel. Ela tem vergonha. Ela é envergonhada.
Já teve mais poesia na sua escrita a flor (que achava que a dita palavra se escrevia com acento circunflexo, mas que o word diz que não). Já teve mais fluidez, mais graça. Agora é seca e objectiva e concreta e desprovida de emoção a sua escrita. Até nos es-m-ess. Há-de ser porque a obrigam a enviar muitos mails, muitos faxes. Coitada!
Diz também, a tonta, que lhe apetece ouvir velhos e velhas para que lhe contem estórias. Sim assim sem h. Diz que sabe que certas estórias de verdade feitas são parecidas às dos livros ficcionados quando – se formos a pensar bem - devia ser ao contrário já que elas ainda estão por contar.
Ela guardava-as e depois inscrevia-as no papel. Era o que ela mais queria. Diz que não tem jeito para falar e que gosta mais de ouvir, então…
Escritas as letras, as palavras, as frases, as estórias ficam impressas não se apagam prái assim e duram muitos anos, pudemos voltar a relê-las e podemos guardá-las e fazer perpetuar a memória e as recordações e tudo o que uma estória contém. E era mesmo o que ela mais queria. Guardar no papel coisas velhas prestes a definhar. Coisas de pessoas com alma e com vivências.
Ela sabe que vai fazê-lo. Já idealizou dois ou três projectos. Bem…na verdade três projectos. Vai apresentá-los a quem de direito. Vais esperar pacientemente pelas respostas das ditas malfadadas entidades competentes e depois vai abraçá-los e dar-lhe vida e a seguir corpo.
Esta sua muito querida amiga contar-lhe-á tudo um dia em que você queira ouvir. Um dia em que você conheça a sua terra, a sua casa, os seus esconderijos, a sua escola, a sua aldeia, as suas sopas de beldroegas e perceba e sinta o que é o seu alentejo.

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