sexta-feira, 10 de julho de 2009

O soberano interesse da criança. Onde?

As educadoras ensaiam dias e dias a fio. Dizem repetidamente às crianças que no dia tal têm que fazer assim, depois, assim, depois a seguir assim. As educadoras gastam horas infinitas a criar as indumentárias. Chapéus, laços, fitas, rabos, asas, unhas gigantes. Tudo com muito prateado. Tudo com muito dourado. E então eis chegado o dia. Convocam-se os pais, os avós, os tios. Máquinas de filmar em punho, máquinas fotográficas em punho. Tudo para apanhar o momento. Do seu filho, do seu neto, do seu sobrinho. Um excesso de solenidade nunca visto. E eis que as crianças sobem ao palco. Um susto. Aterrador. Ao fundo tudo escuro. A música começa e primeiro surgem os meninos da sala dos catrorze meses. CATORZE meses. Saberão ao que vão? Onde estão? Para que serve tudo aquilo? Certamente que não. E claro a seguir é ver as educadoras e as auxiliares atarantadas puxando uns para a esquerda outros para a direita. Sucedem-lhe os meninos da sala dos dois, três anos, depois dos quatro, depois dos cinco. Aí sim acredito que já exista noção do que estão a fazer: uma exibição para os pais e para a família. Uma despedida da escola, dos colegas, da educadora. Mas, mais uma vez, para quê tanto exagero? Tanta purpurina, lantejoula e brilhantina? Para quê faixas de finalistas, fitas de finalistas, chapéus de finalistas e um diploma. PARA QUÊ?

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