quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

sentimos a tua falta

sabe-me bem sonhar contigo porque ficas presente em mim o dia todo. andamos de mão dada, braço dado o dia inteiro.
caso contrário não te posso tocar, sentir, tão pouco ver.
todos os dias me lembro de ti. não passa, aliás, dia algum em que não me lembre de ti. isso não é mau. é bom.
mas o melhor mesmo é quando me invades o sono e os sonhos porque nesse dia ficas presente em mim o dia todo. andamos de mão dada, braço dado o dia inteiro. é melhor porque caso contrário não te posso tocar, sentir, tão pouco ver.
sentimos a tua falta em alturas importantes: quando o Luís foi estudar para Lisboa e precisava de uns preparativos de mãe lá em Carnaxide, depois quando eu entrei para a faculdade ainda com 17 anos ou quando a Ana teve que ficar em Beja com o João. sentimos a tua falta em momentos importantes: quando o Luís conheceu a Carla e eu o Samuel, quando nasceu o teu primeiro neto, depois o segundo, depois o terceiro, quando tive que fazer o francês de quarto ano do curso, quando a Ana começou o seu primeiro trabalho, quando o João ganhava medalhas de atletismo, quando ele entrou na universidade pública e defendeu o seu trabalho final (eu fui vê-lo) ou quando a Ana casou na praia ou ainda quando eu fui operada e o João também (eu fui vê-lo e vi também uma lágrima a escorrer-lhe do olho direito).
sentimos a tua falta.
sonha-me que eu prometo sonhar-te. hoje. ainda hoje. decorridas estas vidas todas. estes vinte anos todos. iguais a vinte anos atrás. iguais e diferentes.
sonha-nos. hoje temos muitas saudades tuas. e, às vezes, um de nós fica doente. pensa que é de outra coisa, mas nós sabemos que é de saudades.
tu não sabes, mas eu já sou tia e vou levar o menino da Ana a ver os meninos do Luís numa audição do Conservatório: um toca piano o outro flauta.

sonha-nos.