quinta-feira, 22 de outubro de 2009

A dança das cadeiras

Estão a ver? De cada vez que há eleições e que muda o Governo, mudam também os secretários de Estado, depois os directores gerais, depois os regionais e finalmente acho que pára por aí. Se bem que constato que muito embora a lei tente proteger os funcionários públicos dessas euforias partidárias a verdade é que a própria realidade o desmente pois continuam a mudar-se os rostos ido abaixo na hierarquia.
Não será pois difícil de perceber que aconteça com o poder local o mesmo que sucede com o poder central: mudanças de rosto, escolhas de homens e mulheres que melhor possam colocar em prática as políticas dos governos eleitos ou o mesmo será dizer mudanças feitas à base de gente dos partidos que ganharam o poder.
Na Câmara Municipal de Beja é também o que vai acontecer! Ninguém mo disse, mas eu calculo. Como, aliás, calculam e bem muitos dos que lá estão a trabalhar e que andam tão assustadiços. Acalmem-se! As alterações hão-de ser feitas ao nível dos chefes de departamentos e dos chefes de divisão e ainda ao nível de algumas comissões de serviço que terão que acabar (não obstante os dinheiros que serão gastos em chorudas indemenizações). Falamos de cargos. Cargos escolhidos pelo presidente em funções, cargos de natureza e de confiança política. Não falamos do pessoal que está nos quadros que esses dificilmente alguém os despedirá e ninguém terá a ousadia de querer fazê-lo. Também era só já o que faltava!
Portanto, não se assustem!
Perguntam-me se concordo com esta dança das cadeiras?
Não! Não concordo de todo! As pessoas - fossem quais fossem os cargos que ocupam - deveriam manter-se nos mesmos por mérito, dedicação e empenho. O mesmo acontecendo relativamente à sua admissão para os órgãos autárquicos e outros da administração pública à semelhança do que acontece, aliás, no sector privado. Entra-se, é-se admitido porque se tem valor, por se deram provas, porque é feita uma avaliação.
Mas e o que diriam depois os eleitores que votaram na mudança? Que exigem a mudança?
É complicada esta gestão. Oh! Se é. E vai haver injustiças. Oh! Se vai.
É por estas e por outras que eu prefiro não pertencer a partido algum. Pensar pela minha cabecinha. Não fazer fretes. Não ser escolhida em função disso. Orgulhar-me de ter o meu trabalho por mérito próprio. Sempre. Já bem me basta ter sido preterida por não pertencer ao poder vigente durante 33 anos em Beja.
Sim! Porque não bastava ser do partido para ter acesso a. Não bastava ser de outro partido para não ter acesso a. Bastava apenas que não se fosse dos deles para já se ser contra eles. Ainda que não se fosse de nenhuns.
Eu cá estou a assistir à dança das cadeiras. Sentadinha na minha.

6 comentários:

luis almendro disse...

Sabes muito...
para quem se afirma tão "isenta". Cheiras a esturro que tresanda e nem sequer sabes camuflá-lo.

luis almendro disse...

E já agora, se sabes tanto deverias saber que a maioria dos tais chefes (a quase totalidade)não são do partido "deles", muito pelo contrário, senão vejamos urbanismo, obras, finanças, recursos humanos, queres os nomes?
Ah, perdão deves sabe-los na ponta da lingua...e sendo assim só se pode concluir que o que te move neste post (como no anterior) é a má-fé.
Enxerga-te minha cara.

tota disse...

" Sim! Porque não bastava ser do partido para ter acesso a. Não bastava ser de outro partido para não ter acesso a. Bastava apenas que não se fosse dos deles para já se ser contra eles. Ainda que não se fosse de nenhuns." - bem verdade, muitas vezes através de uma pressão estranha que mal se sente...silenciosa... mas persistente.

be(i)ja disse...

Caro Luís Almendro - Nunca viu escrito neste blogue que me afirmo uma pessoa isenta. Ser isento é não ter opinião, não tomar partido, não fazer escolhas. E é também - se quiser - ser um pouco parvo. No minímo. O que é bem diferente de ser apartidária. Isso na realidade sou.
Feita esta introdução deixe-me que lhe diga que se a maioria dos tais chefes não são do partido "deles", como afirma, então estará a dar-me razão, pois que estão lá por mérito como defendo no post.
Para finalizar pergunto-lhe: onde viu nos meus post's má-fé? Um é um mero exercício criativo, outro uma constatação óbvia. Tão óbvia que seria até escusado escreve-la, mas convenhamos...é sempre bom que se vá falando nestas coisinhas. Mais: quer saber o que realmente me preocupa? Pois é! O que me preocupa são todos os que estão no fim da linha. Nem chefes nem directores, mas sim os precários que grassam pela Câmara: os dos contratos a prazo e os dos recibos verdes. Já tinha pensado nisso?

be(i)ja disse...

scbmf - de facto, a pressão mais difícil de combater porque invisível aos olhos dos outros e difícil de provar. Mas persistente sim. E poderosa.

H disse...

Manter quem é competente, mudar que não for! Foi esse o espírito que permitiu chegar aqui, pelo que alterar isso, seria um erro parvo! E escolher com base na competência, sem constrangimentos ideológicos ou preconceitos pessoais!