terça-feira, 16 de junho de 2009

Profano versus Sagrado: a cidade de Beja

Não conheci o desvario do meu amor senão quando me esforcei de todas as maneiras para me curar dele, e receio que nem ousasse tentá-lo se pudesse prever tanta dificuldade e tanta violência. Creio que me teria sido menos doloroso continuar a amá-lo, apesar da sua ingratidão, do que deixá-lo para sempre. Descobri que lhe queria menos do que à minha paixão, e sofri penosamente em combatê-la, depois que o seu indigno procedimento me tornou odioso todo o seu ser.







É apenas um excerto da quinta carta (e última) que a freira Mariana Alcoforado enviou ao cavaleiro francês Chamily.

São apaixonantes estas cartas. Falam-nos de um amor arrebatador. Fugaz. Porque "o que é eterno é quase sempre fugaz". Carregado de sofrimento, mas ainda assim belo. Estão traduzidas em várias línguas. Já serviram de inspiração a escritores, filósofos, cineastas e pintores como Matisse e Modigliani.

Tenho várias edições das Lettres Portugaises. Gosto desta obra literária e gostava que Beja gostasse mais dela também. Que a estimasse e à figura de Mariana e que soubesse fazer delas uma fonte inigualável de turismo cultural. (Re) editando as cartas, fazendo a sua contextualização histórica, criando merchandising, promovendo visitas ao actual Museu, enfim, dando corpo a toda uma estratégia de comunicação e marketing que o tema e a cidade merecem.

Sem esquecer a este propósito As Novas Cartas Portuguesas escritas, em 1972, por Maria Isabel Barreno, Maria Velho da Costa e Maria Teresa Horta. Há ligações possíveis à actualidade e a diferentes períodos da História Portuguesa. O Arte Pública já o soube demonstrar e bem através da sua peça Marianas. Por exemplo!

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